Governo está priorizando a reforma errada, diz Falcão
Política & Economia Líder do grupo Business Bahia defende necessidade de enxugar os gastos públicos
O Brasil deveria priorizar mais uma reforma administrativa, capaz de enxugar gastos públicos, e investir numa política efetiva de privatizações, antes de uma reforma tributária, acredita o empresário Carlos Falcão, líder do grupo Business Bahia. Ele conta que a classe empresarial está bastante preocupada com os efeitos da nova tributação proposta pelo governo federal sobre o setor de serviços. “Pode mais do que dobrar o que se paga hoje”, diz.
Em relação às expectativas para este ano de 2021, Falcão diz que o clima é um misto de otimismo com preocupação no Business Bahia – que reúne 250 empresários e executivos de algumas das principais empresas com atuação na Bahia . Carlos Falcão foi o convidado do jornalista Donaldson Gomes no programa Política & Economia, no Instagram do CORREIO (@correio24horas).
“É praticamente unanimidade que nós precisamos de uma reforma administrativa que reduza o tamanho do estado e aí viriam diversas
Um dos indutores de crescimento doPIBéo consumo. Não resiste durante muito tempo, mas para iniciar o processo é muito eficiente Carlos Falcão Empresário
medidas. O que foi proposto pelo Ministério da Economia é uma proposta tímida para o tamanho do nosso problema e mesmo assim ela não está sendo discutida pelo Congresso”, lamenta.
O empresário lamenta que no caso dos aumentos da carga tributária o ritmo seja outro. Ele cita como exemplo o caso da Reforma Tributária, com a proposta da criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). “A CBS vai representar um aumento brutal para as empresas prestadoras de serviços”, diz.
Segundo ele, o Business Bahia fez um estudo com base em balanços de empresas de dez setores diferentes e os resultados foram altas na carga de cobrança entre 80% e 150% para as prestadoras de serviços. “Qual é o caminho que nós temos? Uma reforma de verdade, que ajude a enxugar o tamanho do estado. Precisamos fazer valer o teto constitucional, que estabelece o salário do presidente da República como o maior”, ressalta. Para Carlos Falcão, além disso o Brasil precisa implementar um programa efetivo de privatizações.
SAÍDA DE EMPRESAS
O empresário Carlos Falcão afirmou que não acredita que o governo estadual tenha culpa em episódios recentes de saídas de grandes empresas do estado. Ele lembrou o recente anúncio da montadora Ford, da Bosch, da Vale, entre outras. Para ele, havia pouco a ser feito pelo poder público nos casos específicos. Mas ainda assim o líder empresarial acredita que a gestão estadual deveria modernizar a sua estrutura para a atração e a manutenção das empresas que operam na Bahia.
Ele lembra que existe uma série de custos operacionais para as empresas que são mais altos no Brasil. “Você tem custos com tributos, mas tem também com logística, custos trabalhistas, ações trabalhistas, que melhorou muito após a Reforma Trabalhista, que ainda tem um custo muito alto”, diz.
Para Carlos Falcão, o governo baiano precisa modernizar a estrutura para a atração de novas empresas e de estímulo à atividade econômica. “Foi aprovado no Confaz (conselho que reúne as secretarias estaduais da Fazenda) um convênio da crise para as empresas que sofreram na pandemia. Muitos estados aderiram, mas a Bahia não”, lamentou. “O estado da Bahia tem um processo de arrecadação eficaz, um governador que se esforça para fazer uma gestão eficiente, mas estamos falhando muito na atração de investimentos”, acredita.
“Nossa política de atração ainda se baseia no Desenvolve e no PróBahia, que já tem 20 anos”, lamenta.
SAÚDE X ECONOMIA
Ele lembra que os rumos da economia baiana dependem bastante do que acontece no cenário nacional. O empresário acredita que o desempenho econômico neste ano estará associado à questão da vacinação da população. Quanto mais eficiente for o processo, melhor para o setor produtivo. “Queimamos a largada, mas temos estrutura, capacidade logística e experiência em grandes campanhas de vacinação para ajustar os pontos, deixando ideologias de lado, focar no científico, vacinar nosso povo e retomar a economia”.
Ele lembra que quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado depende do setor de serviço e essas atividades estão comprometidas pelas limitações para a ocupação dos espaços sociais. “O turismo é uma fatia muito importante de nossa economia. Hotéis, restaurantes, toda uma cadeia que se relaciona com viagens, dependem muito da possibilidade de deslocamento”, sinaliza.
Além da vacina, ele ressalta que a suspensão do auxílio emergencial é outro fator de preocupação. “Se por um lado nós sabemos que o país, com este déficit fiscal, não aguenta mais o auxílio, é um fato, mas sabemos que uma das razões para a retomada que vivenciamos nos últimos seis meses foi o pagamento deste benefício”, pondera.