Davos: retomar confinaça é ponto central
MUNDO PÓS-COVID O ano de 2021 será crucial para se pensar um futuro com sociedades e economias mais resilientes, inclusivas e sustentáveis, disse neste domingo (24) Klaus Schwab, fundador e presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, na cerimônia de abertura do encontro anual que tradicionalmente ocorre em Davos, na Suíça. “O primeiro passo é restaurar a confiança e, para isso, precisamos reforçar as corporações globais. Em segundo lugar, precisamos ter a certeza de que todo o mundo está contribuindo em dar forma a um futuro mais positivo. Governos, negócios, sociedade civil e também a nova geração”, afirmou.
A semana de conferências deste ano, porém, será virtual devido à pandemia do coronavírus. O evento, sempre sob o inverno do resort de esqui suíço, foi substituído por uma programação online chamada Agenda Davos 2021. As mesas e discussões começam hoje.
Nos próximos cinco dias de discussões, os 1.200 líderes de empresas, governos e sociedades civis deverão debater cinco eixos principais de políticas consideradas prioritárias para o Fórum. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não será um desses líderes. Do Brasil participarão o vice-presidente Hamilton Mourão e os ministros Tereza Cristina (Agricultura), Paulo Guedes (Economia) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
Eles estarão em sessões que discutirão bioeconomia na Amazônia, inovação para sistemas de alimentação, comércio exterior e geopolítica. João Doria (PSDB), governador de São Paulo, estará em uma mesa sobre as cidades no futuro pós-Covid. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também não foi ao encontro em 2020.
Segundo Klaus Schwab, a necessidade de desenhar sistemas econômicos e sociais mais justos é uma das prioridades.
“A chave aqui é tomar conta das almas que estão sofrendo em consequência da Covid. Temos que criar empregos decentes e suficientes para todos se queremos ter uma sociedade mais inclusiva”, afirmou.
O criador do Fórum destacou também o “stakeholder capitalism”, termo que, em tradução livre, significa capitalista de acionistas, mas que vem sendo associado à necessidade de as empresas se preocuparem mais com os impactos de cadeia que seus negócios movimentam.
Esse comportamento, disse Schwab, permitirá uma transformação responsável da indústria. “Os negócios não estão atendendo apenas objetivos de curto prazo dos acionistas, mas, ao mesmo tempo, estão considerando que precisam agir como organismos sociais e servirem pessoas, planeta e a sociedade em geral.” Essas políticas prioritárias incluem a criação de um novo sistema multilateral de cooperação, que, segundo Schwab, seja justo e considere as necessidades do século 21.
FINANÇAS PÚBLICAS O ano de 2021 começa sem a aprovação da Lei de Orçamentária Anual (LOA), ferramenta que indica a estimativa da receita e a fixação de quanto pode ser gasto, apresentando a política econômica e financeira e o programa de trabalho do governo. Até que ela seja aprovada, o governo precisa fazer um controle de seus gastos. A aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) no Congresso, em meados de dezembro, traz em seu texto uma previsão dos passos que o governo pode dar antes da aprovação final do orçamento. O texto da LDO estipula que o governo federal só poderá gastar, até a aprovação do orçamento de 2021, o referente a 1/12 avos do total previsto. Na prática, impede o repasse de verbas para investimento em infraestrutura, dentre outras áreas. Dentro desse valor não estão incluídas despesas obrigatórias como pagamentos de servidores, pagamentos de benefícios, como seguro-desemprego e Benefício de Prestação Continuada (BPC), gastos com a Previdência Social, dentre uma série de outras despesas. Mas, segundo Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, a grande dúvida que a ausência da LOA deixa está no pagamento do auxílio emergencial. Criado no ano passado para ajudar a população que havia perdido fonte de renda durante a pandemia, o auxílio de R$ 600 mensais ficou em 2020, sem garantias de que voltará em 2021.
O combate à pandemia e a compra de vacinas, no entanto, não ficam ameaçadas. O governo ainda tem em caixa recursos de 2020, a título de restos a pagar.
Presidente do Fórum Econômico Mundial