Professor é preso acusado de abuso
Riachão do Jacuípe Vítimas são jovens que tomavam aula particular com o suspeito
Um ex-diretor de colégio privado foi preso na noite da última quinta-feira, em Riachão do Jacuípe, a 186km de Salvador. Ele é suspeito de abuso sexual contra, pelo menos, dois menores de idade, um caso que chocou o pequeno município de 34 mil habitantes. Conhecido como Léo Professor, Aurelino Silveira Leo Mascarenhas Filho, de 46 anos, ensinou Biologia nas duas escolas mais caras de ensino médio e fundamental da cidade. Há cerca de cinco anos, ele deixou de lecionar e abandonou a direção de um colégio para empreender no ramo de telefonia e eletrônicos.
Segundo um morador da cidade que vive no mesmo bairro que o suspeito e conhece tanto ele quanto a família das vítimas, os abusos ocorriam na própria casa do professor. Ele dava aulas particulares de reforço para crianças e adolescentes.
“Os meninos iam para a casa dele e, em um certo momento, ele começou a assediar. Ele teve relação com dois da mesma família. Posterior a isso, ameaçava que ia mostrar foto, postar vídeo. Fazia essas ameaças para ter a manutenção da relação”, narra o morador. Segundo ele, Léo tinha uma arma no apartamento e câmeras no quarto que gravavam as relações sexuais com os jovens.
Ele ainda revela que os abusos sexuais já duravam cerca de cinco a seis anos. A denúncia teria vindo da própria família. “A família já sabe disso há um bom tempo, mas só fizeram a denúncia há uns dois meses”. Com quadro de depressão, segundo o morador, um dos adolescentes revelou os abusos à família após passar por terapia. “Aí descobriu que acontecia também com outro familiar. Mas um não sabia do outro. A família está toda está abalada”, conta.
Ele disse ainda que um terceiro membro da mesma família, mais novo, não chegou a ser assediado, mas que também tomava banca com o professor. Ao vê-lo de cueca na casa, teria abandonado as aulas. A priori, não há outras vítimas no caso. Léo teria negado todas as acusações à polícia. Ele está sob custódia na delegacia de Valente, cidade a 100km de Riachão. O investigador da unidade disse não poder dar detalhes sobre o assunto, porque o caso corre em segredo de Justiça. A Polícia
Civil e o delegado responsável também não comentaram a investigação.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) confirmou ao CORREIO que existe um inquérito policial em andamento para investigar a denúncia, mas o conteúdo não pode ser divulgado por envolver adolescente. Devido à denúncia de abuso sexual de menor, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) determinou a prisão temporária de 30 dias do suspeito, segundo o MP, que emitiu parecer favorável à prisão.
Aurelino foi preso em sua residência. “Apreenderam dois computadores e três celulares”, informou o morador. O CORREIO procurou três vezes o Colégio Propedêutico e o Instituto Social Santa Marta, escolas as quais Léo Mascarenhas foi, respectivamente, diretor e professor. Contudo, nenhuma delas quis se pronunciar. O advogado de Léo, Thiago Maia d’Oliveira, não atendeu ao contato da reportagem.
YOUTUBER
Antes de ser detido, Léo Mascarenhas ainda vinha tentando uma carreira de youtuber em um canal, em que se propunha tratar de assuntos relacionados a “senso de humanidade e amor ao próximo”. O suspeito trabalhou por mais de 20 anos com educação, chegando a ensinar em cidades vizinhas a Riachão do Jacuípe, como Conceição do Coité.
Ex-alunos adultos e egressos dos colégios em que ele ensinou contaram ao CORREIO, sob a condição de anonimato, que sempre consideraram Léo uma figura “esquisita” e “manipuladora”. Outros ainda relataram que o professor era “um cara muito baixo” e que “falava coisas de putaria, pornografais na sala com os alunos”. Apesar disso, era tido como “brincalhão” e “extrovertido”. Mas, fora da sala, era mais discreto.
Já outro jacuipense que conhecia o professor, o considerava uma boa pessoa. “Era um cara tranquilo, uma pessoa boa. Ele não dava a transparecer, ninguém acredita que aconteceu isso com ele”, declara o morador.