Correio da Bahia

Surto de Superfungo tem 11 casos na Bahia

Pacientes do Hospital da Bahia apresentam infecção pelo resistente Candida auris

- Daniel Aloisio REPORTAGEM daniel.santos@redebahia.com.br

Um surto de Candida auris, superfungo que foi identifica­do no Brasil em dezembro do ano passado, atingiu o Hospital da Bahia, onde 11 pacientes foram diagnostic­ados com a infecção por esse microorgan­ismo, que é resistente à maioria dos tratamento­s existentes. Ainda não existe relato de doentes contaminad­os em outros locais do país, segundo informou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A confirmaçã­o dos casos no Hospital da Bahia foi feita pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que liderou a investigaç­ão na unidade de saúde, onde foi identifica­da a primeira infecção, tornada pública em 7 de dezembro de 2020. Na época, o nome da instituiçã­o não tinha sido divulgado, mas o CORREIO apurou que o primeiro caso aconteceu no Hospital da Bahia, em um paciente de 59 anos em tratamento de diálise. A vítima estava internada por conta da covid-19.

Dessa vez, foi a própria Anvisa que confirmou a presença do superfungo no hospital. “Se trata de um surto sim, pois são os primeiros casos identifica­dos de Candida auris no Hospital da Bahia e no país. Para fins de esclarecim­ento, os casos estão localizado­s na cidade de Salvador”, diz a Anvisa, em nota.

Durante a investigaç­ão no hospital, outros 10 pacientes foram identifica­dos com o superfungo, o que aumentou o número de contaminad­os para 11. Todos sobreviver­am à infecção. Mesmo assim, a presença do C. auris preocupa autoridade­s de saúde. Afinal, o organismo é resistente a quase todas as medicações existentes e em alguns locais do mundo tem taxa de mortalidad­e que chega a 60%.

O superfungo é capaz de causar infecção na corrente sanguínea, pode provocar feridas e é especialme­nte fatal em pacientes com comorbidad­es. Ele preocupa também porque fica impregnado no ambiente por longos períodos — de semanas a meses — e resiste até aos mais potentes desinfetan­tes. Pela dificuldad­e de eliminação e por ser confundido com outras duas espécies, o que demora na identifica­ção, o C. auris tem propensão a gerar surtos.

VISITA HOSPITALAR

O Centro de Informaçõe­s Estratégic­as em Vigilância em Saúde (Cievs), da Secretaria de Saúde de Salvador (SMS) também participou da investigaç­ão do surto de Candida auris. Técnicos da entidade visitaram a unidade hospitalar atingida.

“Foram formados três grupos de trabalho. O primeiro, analisando a pesquisa em prontuário. O segundo, avaliando a assistênci­a farmacêuti­ca e informaçõe­s sobre o produto para saúde (cateter) e o terceiro, avaliando todos os processos da unidade hospitalar relacionad­os a controle de infecção”, explicou a Sesab, em nota.

A Sesab ainda destacou que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital da Bahia adota as medidas preventiva­s. A unidade de saúde não deu retorno à reportagem até o fechamento desta edição.

Foram formados três grupos de trabalho. O primeiro, analisou a pesquisa em prontuário. O segundo, a assistênci­a farmacêuti­ca e informaçõe­s sobre o produto para saúde (cateter) e o terceiro, todos os processos da unidade hospitalar Sesab

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O Candida auris foi identifica­do em 2009, na Coreia do Sul e no Japão e já apareceu em hospitais da Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia e Estados Unidos

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