Infectologista diz que chegada de fungo era esperada
O médico infectologista Matheus Todt, da S.O.S Vida, diz que o aumento de casos de infecção pelo superfungo Candida auris em menos de dois meses já era algo esperado. “Esse dado evidencia um surto desse fungo dentro de um hospital brasileiro. Não é um surto na cidade de Salvador. Mas era fato que a Candida iria chegar ao Brasil. Agora é preciso ter cuidado para que ele não seja levado a outro hospital, gerando mais surtos”, explica.
Não se sabe a origem do superfungo, mas ele foi descrito originalmente em 2009, em países do continente asiático, como Coreia do Sul e Japão. Desde então, já houve casos na Índia, África do Sul, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Israel, Paquistão, Quênia, Kuwait, Reino Unido e Espanha. Seus principais alvos são os pacientes já debilitados nos hospitais.
“É um problema de hospital e associado a problemas hospitalares complexos, que precisam de procedimentos invasivos. Sua principal forma de transmissão são as mãos contaminadas. Mas eles são fungos oportunistas, que não atacam pessoas saudáveis. Por isso é mais comum em hospitais, com pessoas já doentes. É uma infecção hospitalar”, destaca Matheus Todt.
Segundo o médico, não existe registro desse fungo debilitando e matando pessoas em casa. No próprio Hospital da Bahia, nenhuma das 11 pessoas contaminadas morreu, segundo a Sesab, mesmo com a alta taxa de letalidade do fungo. “Isso indica que as pessoas contaminadas estavam mais saudáveis. Os que falecem normalmente já estão em estado grave, com muita comorbidade, e ao pegar esse fungo, que é difícil de tratar, não resiste”, acrescenta Todt.
Ainda segundo o infectologista, o superfungo alcança a corrente sanguínea e gera infecção generalizada. “Há queda da pressão, comprometimento respiratório e renal. Isso pensando num paciente já grave. Não causa lesão externa e por isso é também difícil de ser identificado”, complementa.