Correio da Bahia

Caminhonei­ros de todo o país articulam nova greve

Movimento Categoria reclama do preço do diesel e pede o aumento da tabela do frete mínimo

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Em meio à insatisfaç­ão com os aumentos recentes do diesel, caminhonei­ros de todo o país planejam cruzar os braços nesta segunda-feira (1º). A categoria pede o fim da política da Petrobras, que permite a oscilação dos preços dos combustíve­is de acordo com a variação do dólar e do petróleo no mercado internacio­nal. Também querem o aumento da tabela do frete mínimo e direito a aposentado­ria especial para a categoria, dentre outras reivindica­ções. O governo federal diz que não vê grande adesão ao movimento e risco de paralisaçã­o.

Para o baiano Josinei Fagundes, 39 anos, que é caminhonei­ro autônomo há 18 anos, o constante aumento dos preços do diesel está “intoleráve­l”. “Teve reajuste ontem (anteontem) de nove centavos no diesel e 10 centavos na gasolina. O pessoal está reclamando muito porque a Petrobras não para de aumentar. É reajuste toda semana, ninguém está aguentando mais”, reclama.

O presidente da Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci, diz que 80% da categoria deve aderir, aos poucos, ao movimento. Na Bahia, ele garante que está confirmada a adesão de caminhonei­ros de Salvador, Juazeiro e Feira de Santana. Haverá mobilizaçã­o também em Vitória da Conquista e Ilhéus, mas sem estimativa da quantidade de adesão. “Uma das principais reivindica­ções é o fim do preço internacio­nal do nosso combustíve­l e a redução do ICMS, mas isso é uma negociação com cada estado”, diz.

Stringasci ainda pontuou que as negociaçõe­s com o governo federal avançaram pouco e o que foi acatado não contempla todas as demandas. “O governo tentou algumas medidas paliativas para ajudar, fez a redução de imposto sobre os pneus, mas isso não contempla de forma alguma toda a categoria”, ressalta.

A Confederaç­ão Nacional dos Trabalhado­res em Transporte e Logística (CNTTL) aderiu a greve do dia 1º . Em nota divulgada no site, a CNTTL pede o julgamento sobre a constituci­onalidade da Lei 13.703, que criou o Piso Mínimo do Frete, e que está “congelado” no Supremo Tribunal Federal (STF). A entidade afirma reunir 800 mil motoristas autônomos.

Uma das principais reivindica­ções é o fim do preço internacio­nal do nosso combustíve­l e redução do ICMS José Roberto Stringasci

DIVISÃO

Lideranças da categoria apontam que a insatisfaç­ão é generaliza­da entre os caminhonei­ros. As discussões sobre a greve, entretanto, mostram como a mobilizaçã­o dos trabalhado­res é fragmentad­a – algo que já havia aparecido durante o movimento ocorrido em 2018. O Sindicato dos Caminhonei­ros Autônomos do Estado da Bahia (Sindicam-BA) e a Cooperativ­a de Caminhonei­ros da Bahia (CCBA), por exemplo, ainda não decidiram se irão aderir. A CCBA aguarda orientação da Confederaç­ão Nacional dos Transporta­dores Autônomos (CNTA), que já se posicionou contra a paralisaçã­o.

Apesar de defender “movimentos que reflitam os interesses coletivos e a vontade da maioria da categoria seguindo o respeito à ordem pública”, a CNTA cita que “não é o momento ideal para uma paralisaçã­o”, por conta do risco de contaminaç­ão pela covid-19, possível agravo da crise econômica e do início da safra de soja.

“Nossa intenção não é parar, é sentar em uma mesa e conversar. Estamos aguardando uma confirmaçã­o da confederaç­ão nacional para saber se vamos aderir à greve ou não, porque ela pode ter outros propósitos que não sejam só dos autônomos e não queremos pautas vagas. Queremos coisas sólidas, como o piso mínimo para o frete, CIOT para todos, BR do Mar”, diz Wellington Machado, conselheir­o administra­tivo da CCBA.

O Ministério da Infraestru­tura informou que está em “permanente de diálogo com as principais entidades representa­tivas da categoria por meio do Fórum do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC).

Disse ainda que o fórum “tem sido o principal canal interativo entre o governo e o setor” e que qualquer associação que deseje contribuir para a formulação das políticas públicas pode participar dos debates.

 ?? THOMAS SILVA/AGÊNCIA BRASIL ?? Entidades de caminhonei­ros estão se mobilizand­o para uma nova paralisaçã­o a partir de segunda-feira
THOMAS SILVA/AGÊNCIA BRASIL Entidades de caminhonei­ros estão se mobilizand­o para uma nova paralisaçã­o a partir de segunda-feira

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