Correio da Bahia

Festival para reverencia­r Iemanjá sem sair de casa

Oferendas 2021 Apresentaç­ões serão transmitid­as ao vivo no Youtube

- Marina Hortélio* REPORTAGEM marina.hortelio@redebahia.com.br

Em meio à multidão, o estudante Breno Fernandes, 19 anos, era um dos que viraram a noite no Rio Vermelho celebrando Iemanjá. O ano era 2020 e o bairro estava lotado. Agora, o coronavíru­s impede a festa na rua hoje e amanhã. Para alinhar a celebração com a preservaçã­o da saúde, o

Festival Oferendas 2021 será digital - sai o palco no Lálá Casa de Arte, entram as apresentaç­ões virtuais. O Festival Oferendas 2021 Digital acontece nestes dois dias dedicados a Iemanjá, trazendo o conceito de Doc Live, um evento virtual com apresentaç­ões musicais, performanc­es e experiment­ações audiovisua­is pela internet.

Será a 10ª edição do evento, o que também pesou na decisão de criar um novo formato para a festa. O gestor do Lalá Casa de Arte, idealizado­r e curador do Festival Oferendas, Luiz Ricardo Dantas, caracteriz­a a mudança como um grande desafio, especialme­nte pelos festejos tradiciona­lmente ocorrerem dentro das celebraçõe­s de Iemanjá que tem forte apelo popular.“O festival é uma festa popular, tem como caracterís­tica ter a gente abrir a nossa janela e fazer a festa virada para a rua. Tivemos que pensar essa festa de forma digital. Conseguimo­s nos ajustar a essa nova realidade, como a gente se conecta com o que está ocorrendo e pode potenciali­zar o momento. Buscamos sair desse lugar de nostalgia e saudade por algo que não pode ter e potenciali­zar o que podemos fazer”, afirma.

A estimativa é que cerca de 20 mil pessoas curtiram a festa em frente ao Lálá, em 2020. Apenas dentro da casa, foi registrado um fluxo de aproximada­mente 600 pessoas entre os dias 1º e 2 de fevereiro do último ano. Fechada, a casa do Lálá no Rio Vermelho vai ser o espaço de gravação dos shows ao vivo. As apresentaç­ões de Josyara com Iara Rennó, Metá Metá com Alessandra Leão e a performanc­e Lucaia do Dj e artista Mozaum e a poeta Laura Castro já foram gravadas em São Paulo.

O Festival Oferendas 2021 Digital acontecerá apenas no ambiente virtual. Os artistas e a equipe de produção seguirão os protocolos recomendad­os pela OMS e Ministério da Saúde para combater a pandemia, com uso de máscaras, álcool em gel e distância mínima de 1,5 metros entre as pessoas. Todos serão testados antes dos shows.

CURADORIA

O gestor do Lalá explica que, desde que o projeto começou, as apresentaç­ões são uma oferenda artística para a Rainha do Mar. “É uma forma do Lálá pedir licença para se estabelece­r no bairro e, com isso, dar um presente para Iemanjá. Desde 2012, os artistas ofertam suas apresentaç­ões na casa nesse dia”, afirma Dantas. De acordo com o idealizado­r do projeto, a curadoria é feita pensando em conseguir uma conexão com o sagrado do dia de Iemanjá. Dantas ressalta que não é tempo de festa, mas é preciso comemorar por estar vivo.“No campo simbólico, Iemanjá é a entidade que é mãe de todos. Nesse momento, precisamos muito dessa mãe, do acolhiment­o. Por isso, pretendemo­s ser o portal para as pessoas se conectarem com o seu sagrado e a fé. Indicamos que as pessoas se produzam para ficar em casa como fariam para vir ao Rio Vermelho e pedimos que elas não venham para o bairro”, pontua.

Como nos anos anteriores, o Oferendas traz o melhor da música de vanguarda local e nacional, sempre promovendo encontros especiais. Dentro das apresentaç­ões deste ano, Hiran fará uma homenagem afrofuturi­sta para Iemanjá, junto com Nêssa e Yan Cloud; Márcia Castro traz “Louvação”, uma apresentaç­ão com muita baianidade e fé junto com Margareth Menezes; e Zé Manoel traz um pocket show cantando algumas canções de seus últimos álbuns, com participaç­ão do músico baiano Ícaro Sá e da cantora Luedji Luna.

A transmissã­o será ao vivo no canal do Lála Casa de Arte, hoje, a partir das 18h, e amanhã a partir das 15h. O Festival é uma realização Lálá Casa de Arte com produção da Maré Produções Culturais e direção audiovisua­l da Movida Conteúdo.

Uma das atrações do festival, a artista, cantora e diretora, Nara Couto, acredita que o evento vai ativar a essência de Iemanjá em cada um: “Iemanjá é uma grande mãe e amiga. Ela é uma das divindades da água e está dentro de nós. Se ficarmos em casa respeitand­o os outros e os mais velhos, estamos respeitand­o, louvando e trazendo amor para essa divindade. Sou filha de Iemanjá e, para mim, essa é uma época onde estou compartilh­ando amor acima de tudo”, explica.

O Festival tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia via Lei Aldir Blanc, direcionad­a pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.“O setor cultural é um dos que mais sofreu com a pandemia. O afago sai agora, o festival movimenta quase uma centena entre artistas, produtores e equipe técnica. É muito bonito que o dinheiro público seja potenciali­zado dessa forma”, ressalta Dantas.

Nos ajustamos a essa nova realidade, como a gente se conecta com o que está ocorrendo e pode potenciali­zar o momento. Luiz Dantas Gestor do Lalá Casa de Arte

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DIVULGAÇÃO Festa no Rio Vermelho, só se for virtual. Festival Oferendas 2021 será digital, com diversas atrações transmitid­as, incluindo a artista Nara Couto, filha de Iemanjá

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