Lewandowski retira sigilo de mensagens atribuídas a Moro
LAVA JATO O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantou ontem o sigilo da ação na qual permitiu à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acesso à íntegra do material apreendido na Operação Spoofing - investigação que mirou grupo de hackers que invadiu celulares de autoridades como o ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro e procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato
A defesa de Lula pretende fazer um "pente-fino" nas mensagens atribuídas ao ex-juiz da Lava Jato para tentar reforçar a tese que de Moro agiu com parcialidade ao condenar o ex-presidente a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá (SP). Em dezembro, Lewandowski determinou que a 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal compartilhasse com Lula conversas "que lhe digam respeito".
Numa das mensagens que vieram a público agora, o então coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, diz ao então juiz Sérgio Moro, em 14 de dezembro de 2016, que a denúncia contra o ex-presidente Lula está sendo "protocolada em breve". Moro responde: "Um bom dia afinal".
Em 3 de fevereiro de 2017, Moro afirma a Deltan que nas ações contra Lula e o ex-ministro Antonio Palocci "tem dezenas de testemunhas arroladas pelas defesas de executivos da Odebrecht". "Depois da homologação isso não parece fazer mais sentido, salvo se os depoimentos forem para confirmar os crimes. Isso está trancando minha pauta. Podem ver com as defesas se não podem desistir?", diz. "Resolvemos, sim. Falaremos com os advogados para desistirem", responde Deltan.
O então juiz também sugere
Moro disse não reconhecer a autenticidade das conversas e frisa que "as referidas mensagens, se verdadeiras, teriam sido obtidas por meios criminosos"
uma fonte para os procuradores conversarem sobre investigações envolvendo um filho do ex-presidente.
O julgamento no STF sobre a suspeição de Moro foi interrompido em dezembro de 2018 por um pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Gilmar Mendes, depois que dois colegas já tinham votado contra as pretensões de Lula - o relator da Lava Jato, Edson Fachin, e a ministra Cármen Lúcia.
Faltam os votos de Gilmar, Lewandowski e Nunes Marques. As mensagens obtidas pelos hackers foram divulgadas pelo site The Intercept Brasil meses após o início do julgamento.