Correio da Bahia

Luiz Fux comemora vacina e critica o negacionis­mo

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JUSTIÇA O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, abriu ontem o ano judiciário comemorand­o a chegada da vacina contra covid-19 e exaltando o papel da ciência no combate ao novo coronavíru­s.

“Não tenho dúvidas de que a ciência, que agora conta com a tão almejada vacina, vencerá o vírus; a prudência vencerá a perturbaçã­o; e a racionalid­ade vencerá o obscuranti­smo”, afirmou o ministro.

Fux iniciou seu discurso pedindo um minuto de silêncio pelas vítimas da covid-19. Continuou dizendo que “o momento é de compaixão” e citou os nomes dos amigos Hamilton Carvalhido, ex-ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e Silvio Viola, advogado. Ambos morreram por complicaçõ­es da doença causada pelo coronavíru­s.

Ele disse ainda que não se deve dar ouvidos a "vozes isoladas” que, mesmo de dentro do Poder Judiciário, “abusam da liberdade de expressão para propagar ódio, desprezo às vítimas e negacionis­mo científico. Sentado ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Fux criticou o "negacionis­mo" e os que minimizam os efeitos da pandemia.

“Não devemos ouvir as vozes isoladas, algumas inclusive no âmbito do Poder Judiciário — confesso, fiquei estarrecid­o com o pronunciam­ento de um presidente de TJ minimizand­o as dores desse flagelo —, pessoas que abusam da liberdade de expressão para propagar ódio, desprezam as vítimas e desprezam de forma, através do negacionis­mo científico, o problema grave que vivemos. É tempo de valorizarm­os as vozes ponderadas, confiantes e criativas que laboram diuturname­nte, nas esferas pública e privada, para juntos vencermos essa batalha”, disse Fux.

O presidente do STF disse ainda que, em 2021, é preciso cultivar “esperança sem ingenuidad­e”. Segundo Fux, a pandemia demonstrou o quão “apequenada­s” são as divergênci­as”. “Aqui não há senso de poder, mas decerto expressivo senso de dever”.

Não tenho dúvidas de que a ciência, que agora conta com a vacina, vencerá o vírus; e a racionalid­ade vencerá o obscuranti­smo Luiz Fux Presidente do STF

Durante seu discurso, Fux destacou, entre os desafios do governo, reerguer o País e sugeriu o "cultivo da esperança" como forma de combater este "período histórico excepciona­l de alta incerteza". "Precisamos e lograremos reconstrui­r o País como Nação sem perder de vista as lições de humanismo e de solidaried­ade que este novo momento nos trouxe de forma muito viva".

Fux reafirmou que o Supremo impôs a responsabi­lidade da tutela da saúde e da sociedade “a todos os entes federativo­s, em prol da proteção do cidadão brasileiro”.

Fux confirmou que, mesmo depois da pandemia, parte significat­iva dos servidores do Supremo deve seguir em teletrabal­ho. Ele voltou a exaltar o processo de digitaliza­ção da Corte, que neste ano deve se chegar a 100%. Sobre esse assunto, o ministro lembrou os ataques cibernétic­os sofridos por tribunais superiores em 2020 e disse que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) atua para garantir a segurança dos sistemas.

Além de Fux, estavam presentes no plenário apenas os ministros Nunes Marques, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber. Entre os convidados de honra, estavam presentes o presidente da República, Jair Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e o advogado-geral da União, José Levi, também comparecer­am.

CRITICADA A prefeitura de São Paulo foi denunciada ontem nas redes sociais por ter colocado pedras presas com cimento embaixo de um viaduto, impedindo que moradores de rua pudessem ocupar o local. A denúncia partiu de uma matéria publicada pela Folha de S. Paulo. O viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida, na avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, zona leste da capital paulista, estava cheio de pedras desnivelad­as e pontiaguda­s, que impediam moradores de rua de deitar por ali.

Funcionári­os de uma empresa contratada pela prefeitura concluíram a colocação das pedras, na última quinta, segundo a Folha. Do outro lado da pista, a obra já havia sido finalizada. “A gente faz porque é obrigado, mas até aperta o coração tirar o teto de quem já mora na rua”, disse um dos trabalhado­res.

A Prefeitura de São Paulo informou, por meio de nota, que “desconhece a ação citada” e que será aberta uma sindicânci­a para apurar o ocorrido. As pedras colocadas sob os viadutos “já estão sendo removidas”, afirma trecho da nota.

A gestão Bruno Covas (PSDB) ainda informou cumprir o decreto Nº 59.246/20, que dispõe sobre os procedimen­tos e o tratamento dado à população em situação de rua durante as ações de zeladoria urbana.

“É vedada a retirada de pertences pessoais como documentos, bolsas, mochilas, roupas, muletas e cadeiras de rodas”, informou a Prefeitura, de acordo com nota enviada à Folha.

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NELSON JR./SCO/STF Presidente do Supremo abriu, ontem, o ano judiciário comemorand­o a vacinação contra a covid-19
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REPRODUÇÃO Pedras foram fixadas com concreto para que não pudessem ser retiradas por moradores de rua de São Paulo

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