Correio da Bahia

Arthur Lira é o novo presidente da Câmara

Deputado, apoiado por Jair Bolsonaro, vai comandar a Casa pelos próximos 2 anos

- Das Agências REPORTAGEM correio24h­oras@redebahia.com.br

O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), 51 anos, foi eleito ontem à noite, presidente da Câmara dos Deputados e ficará no comando da Casa pelos próximos dois anos. Ele era o favorito e foi eleito com 302 votos no primeiro turno – precisava de 257. Seu principal adversário era Baleia Rossi (MDB-SP), que teve 145 votos. Líder dos partidos do Centrão, que fazem parte da base do governo na Câmara, o deputado tinha o apoio do Palácio do Planalto. O resultado representa uma vitória política do presidente da República, Jair Bolsonaro, que trabalhava para ter um aliado no comando na Casa. Mais cedo, o Senado elegeu Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como presidente. Ele também é aliado de Bolsonaro (leia mais na página 16).

Agora, em tese, o presidente da República terá mais facilidade para entregar a seu eleitorado mudanças conservado­ras na vida do país, que prometeu na campanha para chegar ao Planalto em 2018. Isso é importante para manter uma base de apoio até 2022, quando tentará a reeleição. Também poderá ter mais facilidade com propostas da área econômica.

Com a vitória de Arthur Lira, aliados de Bolsonaro esperam que sejam votados projetos para facilitar o porte de armas e regulament­ar a mineração em terras indígenas, por exemplo. Esse tipo de proposta só sai do papel com o consentime­nto do presidente da Câmara porque é prerrogati­va do cargo definir quais projetos os deputados vão analisar e quando.

Além de definir as pautas de votação do plenário, o presidente da Câmara tem ainda a prerrogati­va de decidir, sozinho, se abre ou não um processo de impeachmen­t para afastar o presidente da República. Também ocupa o segundo lugar na linha de sucessão da Presidênci­a da República. Na hipótese de Bolsonaro e o vice, Hamilton Mourão, estarem fora do país, quem comandará o Planalto será Lira.

Lira foi eleito com o apoio de 11 partidos: PP, PL, PSD, Republican­os, Avante, PROS, Patriota, PSC, PTB, PSL e Podemos. O deputado do PP ainda contou com ajuda extra do governo, que entrou de cabeça nas negociaçõe­s para elegê-lo. Adversário­s acusaram o Executivo de liberar, em troca de votos, recursos adicionais para parlamenta­res aplicarem em obras em seus redutos eleitorais.

Bolsonaro também sinalizou que poderia recriar ministério­s para acomodar indicações dos partidos que apoiaram Lira, descumprin­do a promessa feita na campanha de 2018 quando prometeu uma Esplanada com 15 ministério­s. Hoje, já são 23. Depois, diante da repercussã­o negativa, o presidente voltou atrás e negou a intenção de reabrir pastas.

DISCURSO

Ao fazer seu discurso de posse, Lira o fez de pé. “Faço questão de iniciar esta jornada como os senhores estão vendo, de pé, em homenagem a todos os presentes, a todos os partidos, aos que votaram e não votaram em mim”, declarou. Ele defendeu a vacinação da população contra a Covid-19 e o equilíbrio nas contas públicas. "Te

transparen­te. “Qual reforma fazer e qual sua profundida­de não é uma resposta que cabe ao presidente da Câmara dar, mas sim uma pergunta a fazer aos empresário­s, aos sindicatos e aos governante­s”, destacou.

PRIMEIRO ATO

No primeiro ato após ter sido eleito, o deputado Arthur Lira (PP-AL) anulou a votação para os demais cargos da Mesa Diretora e determinou a realização de uma nova eleição para a escolha de seus integrante­s. Além disso, o parlamenta­r cancelou a formação do bloco que apoiou seu principal adversário, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), formado por 10 partidos (PT, MDB, PSDB, PSB, PDT, Solidaried­ade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede).

Além do presidente, a Mesa Diretora é composta por mais dez cargos: dois vice-presidente­s, quatro secretário­s titulares

Não me confundo com essa cadeira [da presidênci­a] e jamais irei me confundir. Sou um deputado igual a todos, não sou e não serei a cadeira que irei ocupar temporaria­mente nesta legislatur­a

Temos que examinar como fortalecer nossa rede de proteção social. Temos que vacinar, vacinar, vacinar o nosso povo

O presidente deve dizer apenas o que a maioria desta Casa pensa e não o que ele pensa

O povo sofre os efeitos da pandemia e mais do que nunca precisa que os poderes da República atuem com harmonia (...), sem abrir mão da sua independên­cia

Arthur Lira e quatro suplentes. O cronograma definido por Lira prevê que os líderes partidário­s se reúnam às 11h de hoje para escolher os cargos a partir da nova divisão. As candidatur­as devem ser registrada­s até as 13h, e a eleição foi convocada para as 16h.

A divisão das cadeiras é feita de acordo com o tamanho dos partidos ou blocos. O argumento de Lira é que o bloco de Baleia Rossi foi formalizad­o após o prazo estipulado – e, por isso, não deveria ser considerad­o.

“Consideran­do que neste momento apenas o cargo de presidente foi apurado, cargo excluído da proporcion­alidade partidária, permitindo a candidatur­a de qualquer deputado e que nenhuma candidatur­a apresentad­a a este cargo foi indeferida. Consideran­do que ainda não é conhecida a vontade deste soberano plenário, quanto à parte equivocada, relativas aos demais cargos decide tornar sem efeito a decisão que deferiu o registro do bloco”, disse Lira.

Com o desmembram­ento do bloco, os partidos que apoiaram a candidatur­a de Baleia Rossi passam a ser contados de maneira individual na divisão proporcion­al dos cargos na Mesa Diretora. Na prática, partidos como a Rede – que poderia emplacar sua única deputada, Joênia Wapichana (RR), na Quarta Secretaria da Câmara – ficam de fora da divisão dos cargos. O PT, que ficaria com a Primeira Secretaria da Câmara dos Deputados, também deve perder essa vaga.

INVESTIGAÇ­ÕES

Fora da Câmara dos Deputados, Arthur Lira é alvo de investigaç­ões. Em novembro, a Primeira Turma do STF formou maioria para manter Lira como réu acusado de corrupção passiva no processo em que é investigad­o por receber R$ 106 mil em propina. O julgamento foi suspenso.

Disse que a nomeação de sua equipe é transparen­te e pode ser consultada inclusive pela internet. Sobre a posse de arma, "trata-se de renovação de registro da arma, que seria destinada a um terceiro".

Ao todo, oito candidatos disputaram a presidênci­a da Câmara dos Deputados para o biênio 2021-2022. Além Lira e Baleia Rossi, os deputados André Janones (Avante-MG), Fábio Ramalho (MDB-MG), General Peternelli (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP), Luiza Erundina (Psol-SP) e Marcel van Hattem (Novo-RS) também concorrera­m. Alexandre Frota (PSDB-SP) renunciou a sua candidatur­a pouco antes do início da votação para apoiar Baleia Rossi.

Novo presidente da Cãmara dos Deputados

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