Parentes acusam PMs de terem executado jovem
COSME DE FARIAS Com as mãos atrás da cabeça, o jovem Mateus Vitório Soares, 24 anos, atendeu a ordem de um dos policiais militares que lhe apontava uma arma a curta distância durante uma abordagem no bairro de Cosme de Farias. Mas não adiantou. Mesmo sem esboçar qualquer reação, ele foi baleado no abdômen por outro PM da 58ª Companhia Independente e colocado no porta-malas de uma viatura, onde permaneceu sangrando por um tempo. Horas depois, o corpo do rapaz foi deixado no Hospital Geral do Estado (HGE).
“Como isso pode? Meu sobrinho não fez nada. Ele voltava para a festa [de aniversário de uma idosa], quando deu de cara com os policiais. Ele fez tudo o que eles queriam e mesmo assim atiraram nele. Jogaram na viatura e deixaram sangrar lá e, muito tempo depois, levaram para o HGE. A mãe dele, assim que soube, foi direto para o hospital e desmaiou”, disse a tia de Mateus, de prenome Célia.
Além da morte de Mateus, parentes do rapaz disseram que moradores foram agredidos pelos policiais, entre eles uma senhora que está internada no HGE.
O corpo da vítima foi enterrado ontem, no cemitério Quintas dos Lázaros. A morte aconteceu na tarde de domingo (31), na comunidade da Baixa do Alto do Cruzeiro. Indignados, parentes e amigos fizeram um protesto na noite de anteontem, fechando uma das vias da Avenida Bonocô. Moradores voltaram a se manifestar ontem após o sepultamento.
Em nota, a Polícia Militar informou que “durante incursão na Segunda Travessa Salustiano, às 17h30 de domingo (31), policiais militares da 58ª CIPM foram surpreendidos por indivíduos armados que atiraram contra a guarnição. Segundo informações dos policiais que estavam na ocorrência, houve revide e um indivíduo foi encontrado ferido com uma arma de fogo nas mãos”. Também segundo a PM, “foram encontradas maconha e cocaína com a vítima, que já foi presa por tráfico de drogas".
Em relação às denúncias dos familiares de Mateus, a PM solicitou que sejam registradas na Corregedoria da Polícia Militar para que todos os envolvidos sejam ouvidos. Afirmou ainda que o caso será investigado através de um Inquérito Policial Militar (IPM).