Correio da Bahia

Câmara: novo presidente recua e cede à oposição

Após eleição, Lira enfrenta turbulênci­a e fecha acordo para formarMesa Diretora

- Das Agências REPORTAGEM correio24h­oras@redebahia.com.br

Pressionad­o por partidos de oposição, o novo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressis­tas-AL), recuou e aceitou novo acordo sobre a divisão dos cargos na Mesa Diretora - colegiado responsáve­l por decisões administra­tivas e até políticas da Casa. Após desconside­rar os nomes apresentad­os pelo bloco que apoiou a candidatur­a derrotada de Baleia Rossi (MDB-SP), Lira foi alvo de ação no Supremo Tribunal Federal (STF), movida pelo PDT, e acabou voltando atrás.

Com a nova composição, a Mesa da Câmara, com seis integrante­s, terá dois não governista­s. Marília Arraes (PT-PE) ficou com a segunda secretaria. Rose Modesto (PSDB-MS) deve ocupar a terceira secretaria, mas poderá haver disputa com Júlio Delgado (PSB-MG). Como combinado anteriorme­nte, a primeira vice-presidênci­a ficará com o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) e a segunda, com André de Paula (PSD-PE).

A exclusão do bloco de Baleia foi o primeiro ato de Lira como presidente da Câmara, minutos após ter sido eleito, anteontem, investida que lhe rendeu a alcunha de "novo Eduardo Cunha", numa referência à truculênci­a do ex-presidente da Casa, hoje preso.

O recuo elimina a possibilid­ade de Lira sofrer uma derrota no STF. O ministro Dias Toffoli chegou a dar prazo de dez dias para a Câmara apresentar informaçõe­s sobre o ato que anulou o registro do bloco de Baleia, mas, após o acordo, o PDT desistiu da ação. A votação definitiva para formalizar os nomes dos integrante­s da Mesa foi marcada para hoje, às 10 horas.

"Houve pacificaçã­o, a princípio", disse Lira. "Espero que esse fato que aconteceu tenha ajudado muito a discussão interna da Casa para que os deputados entendam, como já entenderam, que nós trataremos democratic­amente, sempre por maioria. Nada mais de decisões isoladas", emendou ele.

"Foi construído um acordo de todas as lideranças dos dois blocos, o que permitirá que a Casa amanhã (hoje) vote uma eleição rápida", disse Lira ao final da reunião no colégio de líderes. "Houve pacificaçã­o, a princípio, sobre participaç­ão quantitati­va dos dois blocos [na Mesa]".

O líder do PT, Enio Verri (RS), que afirmou anteontem que Lira "jogava por terra seu discurso democrátic­o" após anular o bloco, ontem voltou atrás. "Foi um diálogo muito bom, de construção, onde o presidente faz um movimento de reconstrui­r as relações daquela atitude precipitad­a que ele teve ontem (anteontem) e injusta", disse Verri. "Nós achamos que isso é um gesto de quem quer construir diálogo. Ele começa a demonstrar e reconhecer a importânci­a da oposição dentro da Câmara", acrescento­u.

Lira foi eleito presidente da Cãmara, em primeiro turno, com 302 votos, com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Baleia Rossi (MDB-SP), cuja candidatur­a foi patrocinad­a pelo ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) obteve 145 votos.

CCJ DA CÂMARA

Investigad­a em inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF), a deputada Bia Kicis é a nova presidente da Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) - a mais importante da Casa legislativ­a. Ela vai substituir o deputado Felipe Francischi­ni (PSL-PR) . A parlamenta­r já se envolveu em polêmicas, quando apresentou um projeto de lei para desobrigar uso de máscaras em meio a pandemia de coronavíru­s e comemorou a abertura do comércio em Manaus.

Pelas redes sociais, a deputada comentou a escolha e destacou que tem carreira no meio jurídico. "É uma grande honra para mim e muita responsabi­lidade, para a qual meus 24 anos como procurador­a, um ano como primeira vice-presidente da CCJ e meu amor pelo Brasil me habilitam, com fé em Deus!", escreveu Kicis, em resposta a uma de suas seguidoras.

Pelo acordo firmado no PSL, o presidente da sigla, Luciano Bivar (PE) vai ocupar a primeira secretaria da Câmara. A CCJ tem como responsabi­lidade avaliar a constituci­onalidade de Propostas de Emenda à Constituiç­ão, de projetos de lei, e fundamento­s legais e regimentai­s das proposiçõe­s.

Em um dos discursos no plenário da Câmara, Bia Kicis defendeu intervençã­o das Forças Armadas na política, alegando que seria de competênci­a dos militares atuar caso um dos poderes ultrapasse suas atribuiçõe­s. A deputada é uma das mais fiéis escudeiras do presidente e frequentem­ente é vista ao lado dele em eventos.

Isso [o acordo] deve ajudar a construção do entendimen­to. Sempre trataremos por maioria da Casa e nada de decisões isoladas Arthur Lira

Ele começa a reconhecer a importânci­a da oposição na Câmara Enio Verri

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LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS Após ameaça de travar a pauta, Arthur Lira e oposição selaram, durante reunião, acordo para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados

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