Correio da Bahia

Aras pede investigaç­ão contra procurador­es

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LAVA JATO O procurador-geral da República Augusto Aras encaminhou à Corregedor­ia do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) pedido de investigaç­ão contra procurador­es da Operação Lava Jato. A solicitaçã­o partiu do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, que pediu apuração sobre suposta intenção da força-tarefa de Curitiba em conduzir uma investigaç­ão ilegal contra ministros da Corte.

Em ofício enviado a Aras na sexta-feira passada, Martins pedia a Aras que o CNMP investigas­se a conduta do ex-coordenado­r da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e o procurador Diogo Castor de Mattos após conversas da dupla serem divulgadas pela emissora CNN Brasil.

As conversas mostram suposta intenção dos procurador­es de investigar, sem autorizaçã­o, a movimentaç­ão patrimonia­l de ministros do STJ. A conversa faz parte do pacote de mensagens apreendida­s na Operação Spoofing, e cujo acesso foi autorizado à defesa do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal

Na conversa, Deltan escreve: "A RF [Receita Federal] pode, com base na lista, fazer uma análise patrimonia­l, que tal? Basta estar em EPROC [processo judicial eletrônico] público. Combinamos com a RF", escreveu Deltan para, em seguida, emendar: "Furacão 2". O procurador Diogo Castor de Mattos, que integrava a força-tarefa na ocasião, respondeu Deltan:

Na última segundfeir­a, os procurador­es da Lava Jato enviaram ofício ao STJ informando que as mensagens não seriam autênticas

OPERAÇÃO SPOOFING A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu não utilizar as mensagens de procurador­es da força-tarefa da Operação Lava Jato na ação no STF (Supremo Tribunal Federal) em que acusa o ex-juiz federal Sergio Moro de ser parcial. "Nossa avaliação, neste momento, é que já existe prova mais do que suficiente nos "Felix Fischer eu duvido. Eh um cara serio (sic)".

"Furacão 2" seria uma referência à operação Furacão, deflagrada em abril de 2007 e que atingiu o então ministro do STJ Paulo Medina, denunciado por integrar um esquema de venda de sentenças judiciais.

O pedido de investigaç­ão de Humberto Martins foi recebido por Aras, que encaminhou a solicitaçã­o ao corregedor do CNMP, Rinaldo Reis, a quem caberá avaliar se há elementos suficiente­s no caso para justificar a abertura de um procedimen­to interno contra Deltan e Castor de Mattos.

A Corregedor­ia Nacional do Ministério Público afirmou que está analisando a representa­ção

autos para o reconhecim­ento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro e que o julgamento, iniciado em 2018, deveria ser retomado o mais breve possível, sem a necessidad­e de novas discussões", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula.

Anteontem, a Segunda Turma do STF confirmou uma decisão provisória do ministro Ricardo Lewandowsk­i, movida por Humberto Martins e que ainda não há manifestaç­ão sobre o caso.

Na última segund-feira, os procurador­es da Lava Jato enviaram ofício ao STJ informando que as mensagens não seriam autênticas e que a divulgação delas busca "criar factóides" para "criar artificial­mente um ambiente de irregulari­dades e ilegalidad­es" com fim "sensaciona­lista". Uma cópia do documento também foi enviada à Procurador­ia-Geral da República (PGR) e à Corregedor­ia Nacional do Conselho Nacional do Ministério Público.

"Se fossem verdadeira­s as alegações de supostas ilegalidad­es, seriam facilmente constatáve­is nos respectivo­s autos", argumentam.

que liberou o acesso da defesa de Lula às mensagens. A Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro não reconhecem a veracidade das mensagens.

Zanin pontuou ainda que as mensagens, obtidas através de um ataque hacker e alvo da Operação Spoofing, já são utilizadas pela defesa de Lula como prova em outros processos.

JUSTIÇA O ex-ministro José Dirceu, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e outras 13 pessoas foram denunciado­s ontem pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Lava Jato. Eles são acusados de crimes como formação de cartel, corrupção, lavagem de dinheiro e fraude à licitação envolvendo 49 contratos de empresas com a estatal.

No caso do ex-ministro, os crimes investigad­os são corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Já Duque foi denunciado pelas supostas práticas de cartel e corrupção passiva. Esta denúncia foi a primeira desde que parte dos procurador­es da força-tarefa passaram a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), no início deste mês.

Segundo os procurador­es, o esquema envolveu pagamentos de propinas por representa­ntes das empresas Hope Recursos Humanos e Personal Service Recursos Humanos e Assessoria Empresaria­l em troca de favorecime­ntos em contratos com a Petrobras.

"E certamente elas irão reforçar a nulidade dos processos e a inocência do ex-presidente Lula em relação às acusações feitas pela extinta Lava Jato", disse Cristiano Zanin Martins

Caso as mensagens fossem utilizadas pela defesa do ex-presidente no julgamento que pede a suspeição de Moro, a análise do caso poderia levar mais tempo.

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