Correio da Bahia

EMPOLGADOS TURISTAS NO CARNAVAL

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Italianos, americanos, argentinos, uruguaios e, brasileiro­s do sul do país, foram alguns dos grupos de turistas qualificad­os, recepciona­dos em alto estilo pelos órgãos de turismo da Bahia, convidados de ocasião, para brincar o Carnaval em diferentes épocas.

Os italianos de Turim chegaram no escaldante verão de 1934, a bordo do navio Neptunia, após ter enfrentado temperatur­as, vários graus abaixo de zero, nas montanhas da Pérsia (Irã). Eram alpinistas e a folia baiana foi apenas um refresco, logo mais enfrentari­am as alturas e o frio da cordilheir­a andina, no Chile. NaBahia,foramrecep­cionadospe­lacolôniai­taliana,na comitiva uma mulher: a marquesa Thaon de Revel, filha do ministro da Marinha, o almirante Revel.

Os americanos invadiram as ruas e clubes da cidade e alguns desfilaram em corsos, no Carnaval de 1943.Amaioriade­cabelosloi­ros,olhosazuis,atléticos. Portavam garrafas de whisky na mão e assoviavam para as mulheres que maravilhad­as com os estrangeir­os abriam um sorriso de boca a boca. Não eram turistas convencion­ais e, sim, fuzileiros navais que se encontrava­m em Salvador desde o ano anterior. Praticavam exercícios no Solar do Unhão e na base militar de Santo Amaro do Ipitanga.

O jornal A Tarde noticiou: “Marinheiro­s do Tio Sam participam do Carnaval baiano” e destacou “Guizos no lugar de bombas”. A reportagem descreveu “os marines, no meio das gurias, para lá de exaltadas” e contou que já animados pelo álcool entravam nos cordões “fazendo extravagân­cias e passos de suingue, ora com a cadência dos novos frevos e sambas”. Se fartaram de bebidas e lança-perfumes.

Argentinos e uruguaios já eram presença regular no Carnaval baiano, desde a década de 1920, em pequeno número. A longa viagem de navio era um empecilho. Na década de 1960, já representa­vam um contingent­e expressivo, graças ao trabalho de divulgação de Vasconcelo­s Maia, à frente da Secretaria de Turismo. A prefeitura, empolgada, exagerou na receptivid­ade e botou representa­ntes no júri oficial para avaliar escolas de samba, cordões e pequenos clubes. Sem entenderem patativas de nossa música, coreografi­as e estética das agremiaçõe­s, podemos imaginar a qualidade e confiabili­dade das notas desses turistas nas planilhas.

Os brasileiro­s vieram, centenas deles oriundos do Rio, São Paulo, Porto Alegre e Curitiba, em voos fretados da Cruzeiro do Sul. Turistas endinheira­dos, da alta sociedade, estimulado­s pela campanha publicitár­ia e de relações públicas que envolveu formadores de opinião das colunas sociais dos principais jornais e revistas. Jacinto de Thormes e Ibrahim Sued, inclusive. Campanha da Dória & Associados, de João Dória, na época coordenado­r de um audacioso plano de turismo para Salvador.

Os turistas vieram em 1956, a pretexto de participar do baile do Galo Vermelho, no Hotel da Bahia. Os anúncios ilustrados por Carybé e com o logotipo do galo criado pelo artista cearense Aldemir Martins, destacavam uma convidativ­a programaçã­o de extensão do baile referido: banho a fantasia nas praias de Itapuã; almoço típico com exibição de capoeira, na Lagoa de Abaeté; excursão marítima pela Baía de Todos-os-Santoscomd­ançasabord­o;eingressos­para as festas dos melhores clubes sociais de Salvador.

O baile propriamen­te dito exibiu em cenário de sonhos,nacompeten­tedecoraçã­o-ambientaçã­ocriada por três ases das artes plásticas: Mario Cravo, Carybé e Genaro de Carvalho. No palco, Linda Baptista mereceu os aplausos da plateia. Russo do Pandeiro também, no comando das baterias de três Escolas de Samba do Rio de Janeiro.

Os brasileiro­s vieram, centenas deles oriundos do Rio, São Paulo, Porto Alegre e Curitiba, em voos fretados da Cruzeiro do Sul

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CAMILA SOUZA/GOV BA/DIVULGAÇÃO Lacen é um dos laboratóri­os no país que realiza o sequenciam­ento genético
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