Com o bloco na rua e sem festa
Músicos, produtores, empresários, seguranças, garçons e dançarinos, entre outros profissionais da área de eventos, realizaram um novo protesto, na manhã de ontem, na Avenida ACM, para pedir audiência com o poder público. Eles querem propor um planejamento de retorno das atividades culturais e de entretenimento. Com a interrupção dessas atividades por conta da pandemia da covid-19, o grupo alega que milhares de pessoas estão passando por extremas dificuldades financeiras.
Segundo Adriano Malvar, presidente da Associação de Profissionais de Eventos (APE), cerca de três mil pessoas participaram da manifestação, que contou até com a presença de um trio elétrico e de um Rei Momo.
“Queremos passar o nosso recado para o Poder Público. Amanhã de manhã (hoje) entrarei em contato com o Governo do Estado, com a Prefeitura de Salvador, e com o poder legislativo. Também vamos entrar com ação no Ministério Público, para ver se pelo menos conseguimos ser ouvidos pelas autoridades”, afirmou.
A categoria alega que está há mais de 11 meses sem poder trabalhar, por conta das regras de restrição impostas na pandemia. O setor é crítico a algumas medidas que “não fariam sentido”, como a permissão de apenas uma dupla no palco, enquanto nos bares, são permitidas mesas com até dez pessoas. Essa e outras limitações citadas pelos manifestantes causam revolta na categoria. “É um massacre”, classifica o presidente da APE.
O Governo do Estado decidiu prorrogar o decreto que suspende shows até o dia 14 de fevereiro. O documento proíbe a realização de atividades com público superior a 200 pessoas, como passeatas, feiras, circos, eventos científicos, desportivos e religiosos.
Shows e festas, públicas ou privadas, seguem proibidos independentemente do número de participantes. Cerimônias de casamento e solenidades de formatura podem ser realizadas desde que limitadas a 200 pessoas. A parte festiva desses eventos não está permitida.
O empresário Márcio Ribeiro
participou da manifestação de ontem. Segundo ele, o poder público não teria dado oportunidade da categoria apresentar o seu lado e discutir uma solução levando em conta a situação da pandemia de covid-19.
"É um absurdo nós não podermos trabalhar. Não é sobre o Carnaval, nós sabemos que não tem como a festa acontecer nem aqui, nem no resto do mundo. A gente quer saber porque todas as áreas voltaram e a gente do entretenimento não. Não queremos aglomeração", observou o empresário, que diz ainda que alguns profissionais da área estão sofrendo de depressão.
Há pessoas passando fome, eu mesmo recebi uma cesta básica, achei que iria acabar doando para alguém, mas acabei tendo que usá-la para não passar fome Márcio Ribeiro
Empresário do setor de eventos, sobre dificuldades financeiras com a pandemia, que segundo ele, atingem toda a cadeia produtiva do entretenimento
Queremos passar o nosso recado para o Poder Público...É um massacre o que os profissionais do setor estão vivendo Adriano Malvar
Presidente da Associação de Profissionais de Eventos (APE), sobre o motivo do protesto de ontem. Segundo ele, os profissionais do setor querem negociar com o governo para planejar a volta da sua atividade. O decreto estadual em vigor até o dia 14 proibe atividades com público acima de 200 pessoas.