Correio da Bahia

Lenda do jazz fusion, Chick Corea morre aos 79 anos

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LUTO Um dos maiores nomes do jazz americano, Chick Corea morreu nesta terça, aos 79 anos, vítima de um tipo raro de câncer. A morte foi confirmada na sua página oficial no Facebook, onde o próprio artista pediu para publicar um texto de sua autoria. Corea foi um dos principais músicos do chamado jazz fusion, caminho que o gênero musical trilhou nos anos 1970 em busca de diálogos com o rock, o funk e o R&B.

Autor de Spain, La Fiesta e 500 Miles High, é, ao lado de nomes como Herbie Hancock e Keith Jarett, considerad­o um dos mais influentes pianistas do século 20. Nunca deixou de tocar o piano acústico, apesar de ser considerad­o um pioneiro do teclado elétrico. “Algumas pessoas ainda têm medo de sonoridade­s elétricas no jaz. Mas são apenas sons. É uma maneira de experiment­ar com diferentes texturas, encontrar um sabor novo”, disse Corea à Folha em entrevista em 2014, quando se apresentou no Brasil.

A banda mais famosa de que Corea participou foi a Return to Forever, que ajudou a fundar em 1971 — ela tinha entre seus membros dois brasileiro­s, Airto Moreira e Flora Purim.

Mas Chick Corea já era um nome reconhecid­o desde o fim da década de 1960. Na época, gravou com nomes fundamenta­is do jazz, como Stan Getz, Dizzy Gillespie, Herbie Mann, Mongo Santamaria e Sarah Vaughan.

Outra verdadeira lenda com quem Corea gravou foi Miles Davis. Ele toca piano elétrico em dois discos dele — In a Silent Way (1969) e Bitches Brew (1970).

A nota publicada na página oficial de Corea no Facebook afirma que, por meio de sua vida e sua carreira, ele aproveitou a liberdade e a diversão de criar algo novo. Ainda traz uma mensagem do próprio músico, em que agradece aos amigos e a todos que, ao longo de seu caminho “ajudaram as chamas da música a continuar queimando forte”.

“É minha esperança que aqueles que se sentirem inclinados a tocar, escrever, atuar ou algo similar, o façam. Se não for por vocês, que seja pelo resto de nós. Não só o mundo precisa de artistas, como também é muito divertido. E para todos os meus amigos músicos maravilhos­os que foram como uma família para mim desde que os conheço: foi uma bênção e uma honra aprender com e ao tocar com todos vocês. Minha missão sempre foi a de trazer a alegria da criação a qualquer lugar que eu pudesse, e fazê-lo com todos os artistas que eu tanto admiro — esta foi a riqueza da minha vida”, afirma ele, em fala reproduzid­a pelo comunicado.

Armando Anthony ‘Chick’ Corea nasceu no estado de Massachuse­tts, nos Estados Unidos, em 1941. Foi ganhador de 23 prêmios do Grammy e indicado mais de 60 vezes ao longo de uma carreira de mais de 50 anos ininterrup­tos.

Um de seus discos mais recentes, Antidote, gravado com a Spanish Heart Band, ganhou o Grammy de melhor álbum de jazz latino em 2020.

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RAFA RIVAS/AFP Um dos mais férteis e talentosos pianistas do jazz, o americano Chick Corea sofria de um tipo raro de câncer

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