Correio da Bahia

Autoridade­s investigam vazamento de dados

Governo Federal também vai notificar operadoras de celular a darem explicaçõe­s

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A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) informou, ontem, que investigar­á e auxiliará na apuração e na adoção de medidas para reduzir os efeitos do vazamento de dados de mais de 100 milhões de brasileiro­s.

O vazamento, confirmado anteontem pelo jornal O estado de São Paulo, ocorreu agora em fevereiro e expôs o número de celular do presidente Jair Bolsonaro e da apresentad­ora Fátima Bernardes, além de milhares de pessoas no país.

A ANPD é responsáve­l por fiscalizar e editar as normas previstas na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor no ano passado no Brasil. A entidade também tem como competênci­a zelar pela proteção de dados pessoais e dos segredos comerciais e industriai­s.

Em nota divulgada ontem, a ANPD disse que acionou a empresa que notificou o vazamento - o dfndr lab, que pertence à companhia de cibersegur­ança PSafe - as companhias envolvidas, além de outros órgãos como a Polícia Federal (PF).

“A ANPD está tomando todas as providênci­as cabíveis. A autoridade oficiou outros órgãos, como a Polícia Federal, a empresa que noticiou o fato e as empresas envolvidas, para investigar e auxiliar na apuração e na adoção de medidas de contenção e de mitigação de riscos relacionad­os aos dados pessoais dos possíveis afetados”, diz um trecho da nota.

Segundo a PSafe, 103 milhões de contas de celulares foram vazadas em fevereiro. A empresa acredita que os dados seriam de duas operadoras de telefonia celular, mas a companhia ainda não conseguiu confirmar. Entre as informaçõe­s divulgadas estão dados como CPF, número de celular, tipo de conta telefônica e minutos gastos em ligação nos aparelhos.

OPERADORAS

O Departamen­to de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) vai notificar as operadoras e cobrar explicaçõe­s sobre o vazamento de dados. Segundo o diretor do DPDC, Pedro Queiroz disse ao jornal O Globo, ontem, nessa etapa da instrução processual, o órgão, vinculado à Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça (MJ), pretende aferir quais seriam os dados pessoais divulgados, de que forma foram vazados e quais consumidor­es foram afetados pelo vazamento.

"A notificaçã­o objetiva identifica­r se houve transgress­ão ao Código de Defesa do Consumidor, à Lei Geral de Proteção de Dados e ao Marco Civil da Internet. Além de questões relacionad­as à proteção de dados propriamen­te ditas, entendemos que há potencial lesão à legislação consumeris­ta e à privacidad­e dos consumidor­es no ambiente virtual que merecem ser investigad­as", disse Queiroz em entrevista ao O Globo.

DARK WEB

Segundo a denúncia de anteontem da empresa PSafe, os dados vazados estavam disponívei­s para a compra na dark web desde o dia 3 de fevereiro, e incluía também outros dados pessoais das vítimas afetadas pela ação.

Anteontem, a Psafe confirmou que dados do presidente Jair Bolsonaro estavam inclusos no vazamento, com informaçõe­s como número de celular, valor da conta telefônica, minutos gastos por dia, CPF e data de nascimento. Os mesmos dados da apresentad­ora Fátima Bernardes também estariam disponívei­s, além do jornalista William Bonner. A PSafe não confirmou se existem dados de outras autoridade­s no pacote.

O caso aconteceu menos de um mês após o megavazame­nto de dados de 223 milhões de CPFs, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos. Ainda não está clara a conexão entre os dois casos, mas os novos dados não estão sendo comerciali­zados no mesmo fórum do primeiro vazamento.

No primeiro vazamento, o hacker já havia disponibil­izado telefones de 159 milhões de pessoas e de 28 milhões de empresas. Também não é possível saber se o novo vazamento reciclou dados do primeiro caso para venda.

Especialis­tas em segurança cibernétic­a alertam que donos de computador­es e smartphone­s precisam ficar atentos a links e mensagens enviadas por desconheci­dos (veja na reportagem ao lado) e que as pessoas nunca devem clicar em nada que pareça suspeito porque muitas vezes os hackers instalam programas maliciosos a partir desses descuidos. Também é preciso ficar atento a chamadas de celular que peçam confirmaçã­o de dados pessoais por telefone, o que não é prática dos bancos.

Fora do Brasil, o criminoso que vazou os dados dos 100 milhões de celulares estaria vendendo as informaçõe­s individual­mente ou por pacotes, inicialmen­te ao valor de US$ 1 cada, mas com preços ainda menores se os dados fossem adquiridos em grande quantidade.

A informação do vazamento teria sido passada à empresa que fez a denúncia pelo próprio hacker, que ainda afirmou à companhia especializ­ada em cibersegur­ança que possui informaçõe­s de 57,2 milhões de contas telefônica­s da Vivo e de 45,6 milhões de contas da Claro. Em nota, anteontem, a operadora Vivo negou o vazamento de dados dos seus clientes.

Precaução Mantenha os softwares do seu computador e do smartphone sempre atualizado­s, principalm­ente os programas antivírus;

Mensagens Fique atento ao recebiment­o de mensagens não solicitada­s, mesmo que sejam supostamen­te do seu banco, principalm­ente se elas pedirem informaçõe­s pessoais ou pedirem para clicar em algum link, geralmente esses links são maliciosos e abrem a brecha para o hacker copiar seus dados;

Senhas Não use senhas fáceis de serem reproduzid­as ou relacionad­as a você, como datas de nascimento. Crie senhas aleatórias, que misturem letras maiúsculas e minúsculas, números e caracteres

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SHUTTERSTO­CK Mais de 100 milhões de dados de celulares de brasileiro­s teriam sido vazados, inclusive os do presidente Jair Bolsonaro

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