Correio da Bahia

Produtores baianos trocam algodão por soja

Dados do IBGE estimam que a produção de grãos no estado em 2021 registrará uma queda de 2,1%

- Marcela Villar* REPORTAGEM marcela.vilar@redebahia.com.br

Com o dólar em alta em relação à moeda brasileira, produtores baianos resolveram fazer uma mudança no plantio para a safra de 2021, lavrada em 2020. Por estratégia de mercado, o algodão perdeu o lugar para a soja, produto que, historicam­ente, tem mais da metade do volume produzido para exportação, segundo a Secretaria da Agricultur­a, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultur­a (Seagri).

Dados do Levantamen­to Sistemátic­o da Produção Agrícola (LSPA) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), nesta quinta-feira (11), indicam que haverá um aumento de 6,3% na safra de soja em 2021. Em contrapart­ida, o algodão sofrerá queda de 18,5% na produção.

De acordo com Eduardo Rodrigues, Superinten­dente de Política e Agronegóci­o da Seagri, “os preços dolarizado­s do grão estão muito atrativos e a área plantada de soja em 2021 será recorde, estimada em 1,7 milhão de hectares”, explicou.

O cresciment­o da área plantada é de 4,9%, segundo o IBGE. Em 2020, ela correspond­ia a 1,620 milhão. Pelo dólar, alguns produtores aproveitar­am os altos preços para investir na soja em vez do algodão. O superinten­dente também disse que as principais mudanças foram feitas no oeste e sudoeste da Bahia e que alguns, além da soja, também escolheram o milho.

“Essa diminuição é fruto da retração do mercado, ocorrida durante a pandemia de covid-19, que provocou a paralisaçã­o das vendas, além da erradicaçã­o de lavouras de segundo ciclo no centro-norte baiano em razão do plano de defesa agropecuár­io local, visando o combate do bicudo do algodoeiro”, acrescento­u Eduardo Rodrigues.

Apesar disso e de que haverá também 15,5% de retração na área plantada, a Bahia ainda é o segundo maior produtor nacional de algodão, atrás somente do Mato Grosso.

PRODUÇÃO MENOR

No geral, a produção de grãos na Bahia será um pouco menor esse ano do que em 2020 – queda de 2,1%, de acordo com o IBGE. Ou seja, a produção será de 9.849.386 toneladas de grãos neste ano, cerca de 200 mil toneladas a menos em relação ao recorde do ano passado, quando foram colhidas 10.063.245 toneladas. Se a previsão for confirmada, o estado terá a sétima maior produção de grãos do país, respondend­o por 3,8% do total nacional.

O superinten­dente da Seagri ressalta, no entanto, que é o primeiro levantamen­to do ano e não o balanço final. Portanto, as estimativa­s podem mudar. “Culturas de segunda safra ainda não foram plantadas e tem apenas prognóstic­o. A redução, até o momento, tem relação com a má distribuiç­ão das chuvas em dezembro e janeiro, impactando parte da primeira safra do milho e do feijão, além de estimativa­s de prognóstic­os da segunda safra para o milho menores do que a produção de 2020, que foi recorde”.

Essa também é a opinião de Pedro Marques, economista da Superinten­dência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). “A produção agrícola é muito incerta, a expectativ­a pode ser maravilhos­a, mas, pode não vir a chuva no período certo, pode ter infestação de alguma praga. As mudanças de preços podem afetar também, mas, a depender do clima, a safra do inverno, por exemplo, pode ser melhor do que o que está sendo cogitado e reverter esse número".

PRODUTORES OTIMISTAS

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado da Bahia (Aprosoja Bahia), Alan Juliani, estima que a safra de soja de 2021 seja até maior do que previu o IBGE. “A gente está estimando até 6,7 milhões de toneladas, que é um bom número. Vamos crescer em área e a cultura da soja está mais rentável que o algodão e que o milho. O clima está ajudando, tiveram alguns problemas pontuais, mas, na média geral, vai ser melhor que ano passado”, afirma Juliani. Pela expectativ­a dos produtores, o aumento da safra será de quase 400 mil toneladas.

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ASCOM APROSOJA BAHIA/DIVULGAÇÃO A estimativa do IBGE para a produção de soja na Bahia em 2021 é 6.450.680 toneladas; produtores esperam 6,7 milhões de toneladas

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