Correio da Bahia

Mercado não quer quebra do teto de gastos

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A proposta oficial do governo para a volta do auxílio ainda é desconheci­da, mas o mercado já reage negativame­nte à hipótese de uma nova despesa ser criada fora do teto de gastos e sem cortes de outros desembolso­s como contrapart­ida.

Ontem, o dólar fechou em alta de 0,19%, cotado a R$ 5,383, após dois dias de queda. Ao longo do dia, a moeda americana bateu em R$ 5,447, mas perdeu força após o Banco Central intervir no mercado para conter a valorizaçã­o. Já o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, fechou em queda de 0,19%, após recuar 1,21% na mínima do dia.

“O ímpeto da compra perdeu bastante força após Bolsonaro confirmar que o governo estuda renovar o auxílio emergencia­l por mais três ou quatro meses a partir de março. Segundo o presidente, a equipe econômica estuda, com o Congresso, uma alternativ­a para não violar o teto de gastos. A questão é que essa contrapart­ida não seria por novas alternativ­as de receita, agenda de reformas ou redução de gastos, mas sim por nova ‘PEC da Guerra’ com uma cláusula de calamidade pública, como citado por Guedes nesta semana, vide a urgência”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Ainda ontem, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, indicou que uma nova rodada do auxílio sem compensaçõ­es pode resultar em alta da taxa básica de juros, atualmente na mínima histórica de 2% ao ano.

“Sem nenhuma contrapart­ida, há um risco de adotar uma medida para estimular a economia e ter um efeito negativo”, disse Campos Neto, durante evento online voltado a investidor­es internacio­nais. “Porque estamos em um ponto de inflexão, no qual o que o mercado está nos dizendo é que, se só gastarmos mais, a reação das variáveis à fragilidad­e na situação fiscal vai superar o benefício de colocar mais recursos na economia”.

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