Emergencial Bolsonaro diz que volta de benefício é quase certa mas ainda não sabe o valor
O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou ontem que uma nova rodada do auxílio emergencial deve ser paga a partir de março e por um período de até quatro meses. O chefe do Executivo afirmou que essa é a alternativa discutida atualmente entre o Executivo e o Congresso. Ele disse, contudo, que não sabe qual seria o valor do benefício.
“Está quase certo, ainda não sabemos o valor. Com toda certeza - pode não ser - a partir de março, (por) três, quatro meses”, disse ao final de evento do governo em Alcântara (MA). “Isso que está sendo acertado com o Executivo e com o Parlamento também porque temos que ter responsabilidade fiscal”.
O presidente não deu detalhes de quantas pessoas vão ser contempladas com essa nova rodada do auxílio. Bolsonaro viajou ao Maranhão para participar de uma cerimônia de entrega de títulos de propriedade rural em Alcântara.
A extensão do auxílio emergencial, descartada inicialmente pela equipe econômica do governo, é motivo de queda de braço e alvo de pressão de parlamentares com o avanço da pandemia da covid-19 no país. Arthur Lira (PP), novo presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco (DEM), que assumiu o comando do Senado, defendem que o governo estenda o auxílio, segundo o G1.
Isso porque o novo aumento dos casos do novo coronavírus deve postergar a recuperação da economia e do mercado de trabalho. Segundo o levantamento do consórcio de veículos de imprensa, oito estados estavam com aumento na média móvel de mortes pela covid -19 ontem.
A proposta oficial do governo para a renovação da ajuda ainda é desconhecida, mas o mercado já reage negativamente à hipótese de uma nova despesa ser criada fora do teto de gastos e sem cortes de outros desembolsos como contrapartida (ver ao lado).
O presidente também defendeu a abertura de estabelecimentos comerciais durante a pandemia. “O auxílio emergencial custa caro para o Brasil, é um endividamento enorme para o Brasil. [...] Agora, não basta apenas conceder apenas mais um período de auxílio emergencial, o comércio tem que voltar a funcionar. Tem que acabar com essa história de ‘fecha tudo’, devemos cuidar dos idosos que tem mais comorbidades, o resto tem que trabalhar”, disse Bolsonaro.
ENDIVIDAMENTO
O presidente alertou para o risco de um super endividamento do país, com resultados que vão desde perda de crédito à inflação. Por isso, uma das hipóteses é que o pagamento do auxílio emergencial volte a apenas metade dos beneficiados em 2020.
“O nome é emergencial, não pode ser eterno porque isso representa um endividamento muito grande do nosso país, e ninguém quer o país quebrado”, disse o presidente. O auxílio emergencial foi pago no ano passado a trabalhadores informais, em razão da pandemia, em parcelas de R$ 600 e, depois, de R$ 300.
SOLUÇÃO
O presidente do Senado anunciou uma operação conjunta com o governo federal para encontrar uma solução para o auxílio emergencial. Segundo Pacheco, as equipes irão avançar o feriado de carnaval para apresentar um benefício “matematicamente e economicamente possível”.
Ele relatou que recebeu um telefonema do ministro da Economia, Paulo Guedes, para alinhar o acordo. O Ministério da Economia condiciona o auxílio à aprovação do Orçamento de 2021 e à votação de propostas fiscais em tramitação no Senado. Pacheco, porém, avisou que a necessidade social não pode esperar a agenda econômica.
“Essa (agenda fiscal) é uma realidade, não vamos fugir dela. A outra realidade, que é realmente aflitiva, é o anseio das pessoas que estão vulnerabilizadas e estão necessitadas neste momento de ter o socorro do estado”, afirmou.
No ano passado, o auxílio foi criado por um projeto de lei aprovado no Congresso. Desta vez, os parlamentares cobram uma solução direta do Executivo. “Depois, numa eventualidade de não haver esse entendimento por parte do governo federal, nós vamos avaliar no momento oportuno”, afirmou Pacheco. Ele voltou a manifestar contrariedade com a criação de um imposto temporário para bancar o auxílio, conforme discutido anteriormente.