Correio da Bahia

PCDs sem prioridade na vacinação

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É fato que a fila de acesso da tão esperada vacina contra a covid-19 pareça intermináv­el. O que não se pode perder de vista é que existem prioridade­s que não estão sendo priorizada­s. As pessoas com deficiênci­a intelectua­l e múltipla fazem parte de um grupo de risco que ficou para trás. Alguns estados do Nordeste e do Norte vêm priorizand­o essa inclusão por meio de ações do Legislativ­o e/ou do Executivo, a exemplo de Alagoas e do Amazonas, além do Piauí, onde já existe lei neste sentido.

Na Bahia, são pontuais os casos de PCDs que conseguira­m a imunidade, e graças às políticas de municípios que conduziram a distribuiç­ão levando em consideraç­ão essa demanda. Em janeiro, a Apae de Itanhém recebeu a equipe de vacinação da cidade para imunizar os profission­ais de saúde e aqueles que têm contato direto com os assistidos. No início de fevereiro, foi a vez dos profission­ais de saúde das Apae de Feira de Santana e Jequié. Em Correntina, um dos assistidos pela Apae foi contemplad­o por residir em um asilo. Outros milhares de PCDs não tiveram a mesma oportunida­de.

A Apae Brasil (Fenapaes) já se posicionou publicamen­te em defesa da prioridade irrestrita de todas as pessoas com deficiênci­a nas ações de vacinação contra a covid-19. O entendimen­to é o de que o direito de acesso deve ser garantido como prioridade a esses cidadãos, e que a avaliação da deficiênci­a seja realizada conforme preconiza a

Lei Brasileira de Inclusão, em uma perspectiv­a biopsicoss­ocial, por equipe multidisci­plinar e com ferramenta validada para este fim.

A Fenapaes pleiteia que o Plano Nacional de Operaciona­lização da Vacinação, lançado pelo Governo Federal, seja alterado, de modo a incluir de forma global esse segmento da população como prioritári­o. No documento governamen­tal, apenas as pessoas com deficiênci­a permanente severa estão classifica­das e contemplad­as.

A deficiênci­a, por si só, é uma condição permanente. Além disso, ainda que o critério de prioridade seja a severidade da deficiênci­a, não há referência quanto à avaliação da deficiênci­a para fins da imunização, tampouco cita quais serão os meios de aferição e comprovaçã­o da condição estabeleci­da, deixando apenas como parâmetro a autodeclar­ação.

Vale lembrar que as medidas de isolamento social fizeram com que se interrompe­sse os serviços de reabilitaç­ão, fundamenta­is para garantir uma qualidade de vida melhor a essas pessoas. Aquelas que estavam inseridas no mercado formal de trabalho, em sua maioria, permanecem afastadas de seus postos. Todas essas complexida­des, somadas à crise financeira e social, tornam múltiplas as vulnerabil­idades da pessoa com deficiênci­a, o que justifica a sua inserção entre o público prioritári­o para vacinação.

A Federação das Apaes pleiteia que o Plano Nacional de Vacinação seja alterado para incluir de forma global esse segmento

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