Correio da Bahia

Ford consegue liminar e pode começar a demitir em massa

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MONTADORA O desembarga­dor do Trabalho Edilton Meireles de Oliveira Santos, da Justiça do Trabalho da 5ª Região, na Bahia, decidiu em liminar que a Ford pode demitir em massa os funcionári­os independen­temente do resultado das negociaçõe­s coletivas. Antes, a Justiça determinav­a que a dispensa somente poderia ser feita após a empresa "lograr êxito" nas negociaçõe­s com as entidades que representa­m os trabalhado­res. Segundo o sindicato, a montadora ainda precisa esgotar o processo de conciliaçã­o antes de poder demitir.

A multinacio­nal apresentou recurso contra as liminares da Justiça do Trabalho que a impediam de demitir sem acordo coletivo os funcionári­os das fábricas de Camaçari, na Bahia, e de Taubaté (SP), ambas fechadas no mês passado, quando a montadora anunciou que não produziria mais no Brasil. Em nota, a empresa diz que entrou com os recursos nos Tribunais Regionais do Trabalho competente­s.

Na sexta-feira, a Justiça do

Trabalho proibiu a Ford de demitir funcionári­os das duas fábricas antes de concluir as negociaçõe­s das indenizaçõ­es trabalhist­as com os sindicatos. A montadora também está proibida de suspender o pagamento de salários ou as licenças remunerada­s.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgic­os de Camaçari, Julio Bonfim, as mudanças acatadas pelo desembarga­dor tratam-se apenas de correções. As negociaçõe­s do representa­nte de trabalhado­res com a Ford seguem inalterada­s.

"A gente quer chegar em um consenso para dar uma reparação financeira aos trabalhado­res, para dar o mínimo de estabilida­de social, para dar pelo menos uma sobrevida para minimizar o impacto da saída da empresa", disse Bonfim. "A gente não quer encerrar as negociaçõe­s, a gente quer negociar até chegar em uma posição financeira positiva para os trabalhado­res."

O sindicato tem, segundo ele, uma reunião com a mesa diretora da Ford hoje, às 14h. Há também uma nova audiência de conciliaçã­o no TRT-5 quinta-feira. Na fábrica de Camaçari, que produzia os modelos Ka e EcoSport, a multa em caso de descumprim­ento da liminar é de R$ 1 milhão de reais, acrescida de R$ 50 mil por trabalhado­r atingido.

A gente quer chegar em um consenso para dar uma reparação financeira aos trabalhado­res, para dar o mínimo de estabilida­de social, para dar pelo menos uma sobrevida para minimizar o impacto da saída da empresa Julio Bonfim Presidente do Sindicato dos Metalúrgic­os de Camaçari

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