CARNAVAL DE LIVE TAMBÉM É CARNAVAL
Folia Artistas baianos animaram quem ficou em casa no final de semana
Durante séculos, o Forte São Marcelo e seus canhões foram uma das principais defesas de Salvador. Só que contra um inimigo invisível a artilharia é ineficiente. Mas nem por isso a construção deixou de trazer alívio e felicidade aos soteropolitanos ao sediar, ontem, a live de Carnaval do cantor Bell Marques.
Durante as seis horas de apresentação, o público pôde acompanhar e cantar de casa - ou nas lanchas próximas ao Forte - os grandes sucessos da carreira do artista baiano, sobretudo de quando fez parte do Chiclete com Banana.
Enquanto isso, longe do ‘forte elétrico’, um pequeno Camaleão se formava. Cerca de 10 fãs do cantor decidiram criar seu próprio Carnaval e, de abadá do bloco, se juntaram em uma casa em Vilas do Atlântico para acompanhar juntos a transmissão.
Entre eles estava o advogado Edmundo Viana, conhecido como ‘Pinguim’, de 36 anos. Fã de Bell, ele acompanhou todos os carnavais do cantor desde que ele tinha 13, saindo em todos os dias de festa atrás da bandana mais famosa do mundo. 2021 vai ser o primeiro ano de Pinguim sem acompanhar o ídolo em fevereiro.
“Desde que começou a semana de Carnaval veio uma tristeza, que atingiu o auge na sexta, geralmente o primeiro dia de Bell em cima do trio. Mas não tem o que fazer, não há solução ao nosso alcance. O jeito é se conformar e torcer para que ano que vem tudo volte ao normal. Não quero nem pensar em mais um fevereiro deste jeito”, desabafa.
Não só os fãs de Bell puderam matar um pouco da saudade. Barões da Pisadinha, Preta Gil, Àttooxxá e Alinne Rosa também comandaram lives ontem. Hoje, às 17h, vai ser a vez do Psirico. Já o sábado foi marcado por Harmonia, Léo Santana e Parangolé, Maria Bethânia, Sarajane e uma apresentação conjunta de Ivete Sangalo e Claudia Leitte.
No show, que foi chamado pelas artistas como a integração entre os blocos Coruja e Largadinho, as duas fizeram várias menções à festa na rua, enfatizando a saudade que têm de arrastar os foliões com os trios elétricos. “Bora, Barra/Ondina. Que falta eu sinto do nosso carnaval”, disse Ivete. Já Claudinha, lembrou várias vezes de detalhes da festa que não pôde acontecer este ano: “Nessa hora, na avenida, o povo se organiza, espera e começa a pular sem parar dentro do bloco”.
CARNAVAL SIM, SENHOR
O que faz o Carnaval ser o Carnaval? O trio, os blocos e atrações ou os tênis surrados, amores conquistados e dignidades perdidas? Se a festa, então,
“É claro que tudo isso amplia o arsenal de proteção contra o vírus, mas é fundamental que se diga que, enquanto não tivermos uma vacinação em massa, todos os cuidados de distanciamento social e higiene precisam ser mantidos”, completa.
ORIGENS
A ideia de criar um tecido tecnológico surgiu logo no início da pandemia, quando o responsável pelo departamento de inovação e novos mercados da empresa de tecnologia Dotter, Eduardo Salles, percebeu que havia sofrido uma parada brusca nos negócios convencionais da empresa, especializada em proteção contra fraudes.
Em abril de 2020, ele firmou a parceria com empresas no ramo de tecelagem (Delfim), nanotecnologia (Nanox), química (Starcolors) e o tecido Delfim Protect começou a ser criado, numa perspectiva de ser fabricado com 100% poliéster para que o material possa ser reciclado depois de perder sua eficácia. Outro aspecto importante é que, após o descarte, essas máscaras não representarão risco de contaminação, como ocorre com as máscaras profissionais, por exemplo. “As parcerias ocorreram com empresas que estavam levando a perspectiva de elaboração de um tecido tecnológico a sério”, diz Salles.
No caso da Delfim, os estudos haviam começado desde fevereiro de 2020, quando o presidente da empresa Mauro Deutsch buscou infectologistas e profissionais da área de tecnologia para entender como isso funcionaria na prática. “Sabíamos quer era uma questão de tempo para o vírus chegar ao Brasil e precisamos pensar em que solução com tecido poderia ser oferecida para ajudar a sociedade", lembra.
Com a certificação de que haveria eficiência no produto, o passo seguinte foi garantir que não haveria contaminação alguma para o ser humano, nem durante o uso direto e nem nas lavagens.
Desde o lançamento, as empresas já produziram 2 milhões de metros do tecido, usado em máscaras, jalecos, aventais, toalhas de mesa, travesseiros e pareôs para uso em hotéis e resorts. “No caso dos pareôs, por exemplo, o material pode ser usado para cobrir cadeiras de praia, ou qualquer outro assento, evitando que se precise usar álcool ou mesmo lavar as superfícies”, explica Mauro Deutsch.
Toalhas, aventais e jalecos, por sua vez, tiveram aceitação em restaurantes por assegurar proteção durante um dia inteiro, sem a necessidade de troca. “A nossa certificação garante que qualquer produto possa sofrer 30 lavagens sem perder suas propriedades. Na verdade, acreditamos que pode ser até superior, mas estabelecemos esse limite por segurança”, diz o presidente da Delfim.
Ele explica ainda que para higienizar qualquer um desses produtos, basta usar sabão neutro e evitar cloro. “Depois, basta passar ferro em temperatura normal para reativar as nanopartículas e voltar a usar com segurança”, garante Deutsch.
Os tecidos ativam a proteção no primeiro momento de uso. O material usado é hipoalergênico e também não libera resíduos no ambiente durante as lavagens. “Queríamos um produto que trouxesse soluções efetivas e não um problema maior, como aconteceu no passado”, conclui Eduardo Salles.