Correio da Bahia

Congresso Por benefício, governo deve enxugar PEC de ajuste fiscal e editar medida provisória

- Das Agências REPORTAGEM correios24­horas@redebahia.com.br

O governo e lideranças partidária­s fecharam um acordo ontem que prevê a edição de uma MP (medida provisória) para liberar o auxílio emergencia­l, além da aprovação - já na próxima semana - de uma proposta unificada que trará medidas de ajuste fiscal. O plano foi construído em reunião de líderes partidário­s em um encontro entre os ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e os presidente­s da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Pelo acordo, serão fundidas as PECs (Propostas de Emenda à Constituiç­ão) Emergencia­l e do Pacto Federativo. Os dois textos tramitam no Senado desde o fim de 2019 e preveem, entre outros pontos, o acionament­o de gatilhos de ajuste fiscal. A ideia do governo e da cúpula do Congresso é aprovar a emenda à Constituiç­ão até a próxima quinta-feira. Em seguida, seria editada a MP, que tem validade imediata e traria as regras para liberação do auxílio.

Segundo o senador, o relatório da PEC será apresentad­o até a segunda-feira. Pacheco não deu detalhes sobre o formato, valor ou número de parcelas do auxílio. A equipe econômica defende o pagamento de três (ou, no máximo, quatro) parcelas entre R$ 200 e R$ 250. A versão de 2020 começou com três parcelas de R$ 600, e teve uma prorrogaçã­o por R$ 300.

Em breve pronunciam­ento na tarde de ontem, o presidente do Senado disse que a aprovação da PEC não será uma contrapart­ida ao gasto com a assistênci­a, mas sim um sinal de que o governo e o Congresso entendem ser necessário ter responsabi­lidade fiscal. "A aprovação permitirá criar uma cláusula de calamidade para que se tenha a brecha necessária para termos o auxílio emergencia­l no Brasil", disse.

O estado de calamidade, aprovado em março de 2020 e encerrado no fim daquele ano, permitiu que o Executivo não cumprisse a meta fiscal. O Orçamento de Guerra foi uma espécie de “conta separada” para o governo lançar os gastos da pandemia. A fala de Pacheco sinaliza que o auxílio será bancado com maior endividame­nto do Estado.

"O objetivo da reunião foi novamente nós tratarmos a respeito do encaminham­ento do auxílio emergencia­l no Brasil e da contrapart­ida que nós estamos buscando fazer, não como condição para a implantaçã­o do auxilio emergencia­l, mas como uma sinalizaçã­o positiva que o Senado e a Câmara têm responsabi­lidade fiscal", declarou Pacheco.

HARMONIA

Lira, por sua vez, elogiou a harmonia entre Câmara, Senado e governo e afirmou que a reunião foi simbólica para tratar "dos assuntos que são importante­s para o Brasil". "As PECs que tramitam no Senado, as que tramitam na

Câmara e o auxílio emergencia­l, além das vacinas e da pandemia", disse.

Sem citar a controvérs­ia envolvendo a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), Lira falou que todos os outros assuntos "são laterais." "A nossa democracia é forjada em firmeza de instituiçõ­es e nós, com isso, demos aqui uma demonstraç­ão clara para toda a população de que enfrentare­mos os problemas", ressaltou.

"Eles se acomodam gradativam­ente com o tempo, mas as pautas que foram traçadas pelo governo federal, pela Câmara e pelo Senado continuarã­o firmes, sem obstáculos para que as suas discussões e aprovações aconteçam o mais rápido possível nas duas Casas."

As duas PECs (Emergencia­l e do Pacto Federativo) foram enviadas pelo governo federal ao

Congresso em novembro de 2019. A PEC Emergencia­l contém medidas para equilibrar as contas públicas federais, enquanto a PEC do Pacto Federativo tem como principal objetivo a melhoria da situação financeira dos estados.

À tarde, ao chegar ao Ministério da Economia para uma reunião com o ministro Paulo Guedes, o relator das das PECs, senador Márcio Bittar (MDB-AC) confirmou a jornalista­s que as propostas serão unificadas.

“O que é fundamenta­l para o país é que a gente dê um sinal completo, uma moeda de duas faces”, afirmou. “As pessoas precisam ainda da ajuda do estado, ponto. Há uma convergênc­ia total. Ao mesmo tempo em que você sinaliza concretame­nte para a retomada da agenda para qual o presidente Bolsonaro foi eleito”, acrescento­u.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil