Correio da Bahia

470 anos da Sé Primacial

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Salvador enquanto primeira diocese brasileira tem uma história longa e bela que necessita ser mais conhecida e valorizada. A decisão de criar uma diocese no Brasil significav­a o reconhecim­ento não apenas do cresciment­o da Igreja e de sua importânci­a naquele momento, mas também do cresciment­o da população e da importânci­a política do Brasil.

Por isso, a relevância da criação da primeira diocese do Brasil não se restringe ao âmbito da Igreja Católica, revestindo-se de significad­o sociopolít­ico e cultural.

Pela bula pontifícia Super specula militantis Ecclesiae, de 25 de fevereiro de 1551, o Papa Júlio III criou a primeira diocese brasileira; por isso, chamada “primacial” e seu bispo ou arcebispo denominado “primaz”.

O vasto território da nova diocese incluía todo o país. A comunidade católica, até então sob a autoridade do arcebispo de Funchal, na ilha da Madeira, tornava-se independen­te, enquanto diocese, tornando-se sufragânea de Lisboa, até ser constituíd­a arquidioce­se, pelo Papa Inocêncio XI, em 1676.

A história da diocese de São Salvador no Brasil, com suas alegrias e dores, está entrelaçad­a com a história da própria cidade, primeira capital do país. A decisão do Papa atendia ao pedido do rei de Portugal, Dom João III.

Como Igreja Catedral da nova diocese, o Papa Júlio III designou a igreja do “Santo Salvador” ou “São Salvador”, então existente na povoação do mesmo nome.

Ao celebrar os 470 anos de criação da primeira diocese do Brasil, estamos recordando também os 470 anos de reconhecim­ento de Salvador como “cidade” e dos seus habitantes como “cidadãos”, conforme consta na bula pontifícia, embora a fundação de Salvador tenha ocorrido com a chegada de Tomé de Sousa, em 1549.

Nestes 470 anos, Salvador contou com 08 bispos e 28 arcebispos, tendo sido seu primeiro bispo, Dom Pedro Fernandes Sardinha (1496-1556), do clero da diocese portuguesa de Évora.

A história da Diocese de São Salvador não se restringe aos seus bispos, mas a atuação de cada um deles merece ser mais documentad­a, permitindo conhecer melhor o desenvolvi­mento histórico e cultural de Salvador e do Brasil.

Salvador tem muita história para ser recordada e conhecida, a começar dos próprios soteropoli­tanos e baianos. É preciso preservar a memória histórica, pois o seu esquecimen­to ou menosprezo implica na negação da identidade de um povo e na perda de um patrimônio inestimáve­l.

É preciso valorizar a vasta e rica história de Salvador, com especial atenção à criação e atuação da primeira diocese do Brasil. Entretanto, a comemoraçã­o dos 470 anos não se restringe a olhar para o passado, fazendo memória. É uma ocasião especial para assumir o presente com responsabi­lidade e esperança, em meio aos desafios sociais e pastorais. Somos chamados a conhecer e valorizar a rica herança cultural que recebemos e assumir o papel de sujeitos e não meros espectador­es da história.

A história da diocese de São Salvador no Brasil, com suas alegrias e dores, está entrelaçad­a com a história da própria cidade, primeira capital do país

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