Correio da Bahia

Fim de semana de sufoco para ambulância­s do Samu

Serviço de urgência e emergência teve demanda recorde de transferên­cia de pacientes graves de covid-19 em Salvador

- Marcela Villar* REPORTAGEM marcela.vilar@redebahia.com.br

Toque de recolher, taxa de ocupação de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em 74%, sobrecarga no sistema privado e Unidades de Pronto Atendiment­o (UPAs) lotadas, com 63 pacientes para serem regulados em um único dia. Além desse contexto, o final de semana em Salvador teve um agravante: a alta demanda pelo

Serviço de Atendiment­o Móvel de Urgência (Samu).

Segundo o secretário municipal de Saúde de Salvador, Leo Prates, o Samu realizou 25 transferên­cias das UPAs e gripários para unidades terciárias, ou seja, hospitais públicos e de campanha. Antes desse fim de semana intenso, a média era 16 a 17 por dia.

“Estou bastante preocupado. As pessoas precisam se cuidar. Sempre disse que o sistema de saúde é único porque é um só, ou seja, se o privado colapsar, as pessoas vêm para o público, e, se o público tiver problema, teremos que fazer requisição administra­tiva dos leitos do privado. Então, precisamos dar as mãos porque a gente está no mesmo barco”.

Na visão do secretário, a segunda onda da covid-19 está mais agressiva e mais rápida. “A gente está evoluindo de forma muito rápida na ocupação de leitos de UTI e de estruturas de saúde. Por um lado, as medidas restritiva­s vêm para diminuir a demanda por leitos, e, por outro lado, a gente está indo além,

Salvador terá mais leitos que a primeira onda com o Hospital Salvador, são 18 leitos a mais além do que teve no auge da primeira onda”, enumera.

Ele, porém, diz que os leitos de UTI não são a solução, pois há 30 a 40% mais de chances de a pessoa morrer ao ser internada em terapia intensiva. Ao todo, são 246 leitos para a covid-19 fornecidos pela prefeitura, diz o secretário.

REGULAÇÃO

O tempo para regular pacientes atendidos de urgência pelo Samu para uma unidade de saúde, antes da pandemia, era de, no máximo, uma hora, a depender da complexida­de do procedimen­to realizado. Neste final de semana, uma pessoa chegou a ficar sete horas na ambulância esperando por um leito em algum dos hospitais da rede. A média de espera agora está em torno de quatro a seis horas.

“A demanda aumentou muito desde a primeira onda. De anteontem para ontem, a rede, seja pública ou privada, não tem tido disponibil­idade de leitos. Mesmo quem tem plano de saúde tem tido dificuldad­e. Tive paciente que ficou sete horas dentro da ambulância na tentativa de achar um leito. Há um retardo em localizar esses leitos, principalm­ente da rede privada”, descreve o coordenado­r do Samu, Ivan Paiva.

Com o aumento da demanda, há também a sobrecarga dos profission­ais de saúde que atuam nas unidades móveis do serviço. “Nossas equipes estão extremamen­te sobrecarre­gadas, não tem descanso e não tem como almoçar direito. Essa sobrecarga pode compromete­r inclusive a assistênci­a", diz Paiva.

Tivemos que apoiar a rede privada e fazer o transporte de pacientes. Chegamos a 25 transferên­cias Léo Prates

É difícil achar profission­al com essa especializ­ação, muitos estão dobrando. Quando é temporário, dá para levar, mas estamos nisso há quase um ano Ivan Paiva

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NARA GENTIL Ambulância­s não pararam de transferir pacientes das UPAS para hospitais

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