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Com o toque de recolher antecipado para às 20h, ontem, os baianos tiveram que adiantar seus afazeres. Em Salvador, uns saíram mais cedo para casa, outros ainda pararam para um happy hour e alguns ainda correram para fazer suas compras nos shoppings a tempo. Desde às 17h, já havia aglomerações nos pontos de ônibus da cidade e, após às 20h, alguns desavisados ainda estavam nas ruas.
A estudante Adria Sande estava com a amiga no Salvador Shopping até pouco antes das 19h, horário de fechamento do estabelecimento. Ela completou 21 anos ontem e precisou mudar os planos que tinha para o aniversário. Antes do toque de recolher, ela planejava celebrar com os amigos. “A maioria trabalha até às 18h, então não dava tempo. Aí vim só com uma amiga para um restaurante daqui. Chegamos cedo, por volta de 16h30”, conta. Para ela, o toque de recolher é bem-vindo. “As coisas foram liberadas e a gente viu os números subindo de novo. Então é melhor fechar agora do que a gente perder ainda mais vidas”, completa.
O decreto prevê que o atendimento presencial em bares, restaurantes, lojas de conveniência e demais estabelecimentos similares que comercializem bebidas alcoólicas deve ser encerrado às 18h. No Largo da Mariquita, no Rio Vermelho, o horário foi respeitado. Viaturas da Polícia Militar ficaram de prontidão no local.
Uma turista de Vitória da Conquista, que preferiu não se identificar, foi aproveitar com o companheiro as últimas horas de bar liberado. Ela conta que ficaria na cidade até amanhã, mas, como não vai conseguir passear por conta das restrições, preferiu antecipar a volta para hoje. “Estão pecando até com os turistas porque a medida foi decretada de última hora e gerou um mal estar em quem pagou e se planejou para viajar”, opina.
Taíse Oliveira, 30, é garçonete no bar e restaurante Cabral 500, no Rio Vermelho. Ela diz que o estabelecimento e os funcionários seguem diversos protocolos e que é frustrante ver que isso não é suficiente. Taíse confessa estar com medo do que pode acontecer nos próximos dias e faz um desabafo. “A gente está com medo de ter um novo lockdown, porque isso geraria muito desemprego. É capaz que todo mundo seja demitido aqui. A gente vai fazer o quê? Vai morrer de fome? As aglomerações são nos paredões, praias, depósitos de bebida e é a gente que acaba pagando por isso”, diz.
O proprietário do Cabral 500, Odilon Cabral, 65, confirma o cenário de preocupação.
As coisas foram liberadas e a gente viu os números subindo de novo. Então é melhor fechar agora do que a gente perder ainda mais vidas Adria Sande