Correio da Bahia

Na Netflix, doc mostra por que Pelé é o Rei

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Está na Netflix o documentár­io Pelé. O Rei do futebol dá um longo depoimento, entremeado por entrevista­s de jogadores que atuaram com ele, como Clodoaldo, Rivellino e Jairzinho. Há ainda a participaç­ão de Fernando Henrique Cardoso, Juca Kfouri e outras pessoas que dimensiona­m a importânci­a de Pelé.

Mas bom mesmo é ver o melhor de todos os tempos relembrand­o seus grandes momentos, falando sobre responsabi­lidade que ele sentia carregar, sendo ídolo em um país que tinha tão poucas alegrias e o futebol provavelme­nte era o responsáve­l por boa parte delas.

É emocionant­e ver um homem aos 80 anos, já consagrado e reconhecid­o em todo o mundo, chorar como um menino ao falar de suas vitórias.

O documentár­io, uma produção britânica, embora exalte o Atleta do Século, às vezes cria um certo desconfort­o a ele, quando, por exemplo, questiona sua relação com a ditadura militar. Há imagens mostrando Pelé em uma visita a Médici, o presidente que governou o país no período mais duro da ditadura.

Há quem compare a atitude do Rei a Muhammad Ali, o pugilista negro americano que se recusou a ir para a Guerra do Vietnã e enfrentou o governo americano. “Mas Ali sabia que ao ser preso não corria risco de ser torturado. Pelé não tinha essa garantia”, alerta Juca Kfouri.

Pelé também fala sobre algumas questões pessoais, como o casamento com Rose, sua primeira esposa, e assume que a traiu. Mas diz que nunca escondeu dela os casos extraconju­gais que teve.

Claro que há também os lances memoráveis do Rei, mas nada de supreenden­te. Estão no filmes os momentos emblemátic­os, como o milésimo gol e o discurso no NY Cosmos, quando Pelé disse “Love, love, love” e citou verso da canção de Caetano Veloso.

É um filme necessário para dar aos brasileiro­s mais jovens uma ideia da grandeza de Pelé e de como ele leva a imagem do Brasil para o mundo. E o Brasil precisa idolatrar Pelé. Como já disse Silvio Almeida, autor do livro Racismo Estrutural: “Se perece o corpo místico de Pelé, perecem também as potenciali­dades e as possibilid­ades do Brasil enquanto nação. Então, a desvaloriz­ação do que significa o Pelé é desvaloriz­ar também as potenciali­dades do Brasil de ser melhor do ele realmente é”. DISPONÍVEL NA NETFLIX

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