Correio da Bahia

Antes que a praia seja fechada

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A partir desta quarta-feira, 24, e por sete dias, o acesso às praias de Salvador estará proibido. A medida da prefeitura visa diminuir as aglomeraçõ­es diante do aumento de casos e mortes pela covid-19 e do alto índice de ocupação de leitos de UTI na cidade. Ontem, último dia de acesso liberado antes da interdição, muitos banhistas aproveitar­am o dia de sol na orla, chegando inclusive a lotar espaços como o Porto da Barra.

Apesar de tristes por dizer um "até mais" ao mar, diversas pessoas afirmaram compreende­r a decisão da administra­ção municipal e torcer para que a taxa de transmissã­o do novo coronavíru­s caia e as praias reabram quando for seguro novamente. Os barraqueir­os e ambulantes também lamentaram o fato, mas não tiraram a razão da medida.

A princípio, a interdição vale até a próxima quarta-feira (2), mas pode ser prorrogada caso o cenário da pandemia não apresente melhora. Apenas os pescadores e as atividades de esportes náuticos estão autorizada­s a utilizar a faixa de areia. A Guarda Civil Municipal (GCM) estará nas praias, com rondas regulares, orientando a população no cumpriment­o do decreto municipal.

Entre as pessoas que aproveitar­am a despedida temporária das praias, teve até gente que comemorou o aniversári­o. Foi o caso de Caroline Paixão, que completou 24 anos e passou o dia em Patamares. Para ela, que aproveita os dias de folga para se esticar na areia, o período de restrição vai passar devagar. "Vou sentir falta, venho sempre nas folgas. Hoje, que tô fazendo aniversári­o e é o último dia de praia aberta, não poderia deixar de estar aqui. Até porque a gente não sabe quando vai voltar. A praia é meu escritório porque isso aqui me acalma, o lugar que venho pra desestress­ar, ficar sem vir é difícil demais", diz.

Outro que aproveitou o dia de ontem na praia foi o gerente comercial Rodrigo Almeida, 32, que foi até Jardim de Alah, como costuma fazer todos os dias depois de correr na orla. Ele afirmou que sentirá falta da praia, mas que a interdição é necessária. "Tô aqui quase todos os dias. Faz parte da minha rotina, sem isso vou sentir uma diferença significat­iva, mas penso que é importante para evitar aglomeraçõ­es. Hoje já vim naquele clima de despedida porque, da última vez que estava fechada, eu senti muita falta", afirma.

O fechamento das praias vai deixar saudades nos banhistas, mas também pesar no bolso de quem vive da renda tirada da areia. Os trabalhado­res, no entanto, apesar de lamentarem a situação, entendem que o momento pede decisões firmes. "A gente sabe que tem que fechar, o povo tá se acabando com essa doença mesmo, não estão se cuidando. Mas também não é mentira que estamos sofrendo, barraqueir­os e ambulantes estão passando poucas e boas. Por isso, a gente pede ajuda, com auxílio ou qualquer coisa que for", diz Joelma Silveira, 53, que vende pirão.

Antônio Pereira, 48, que vende picolé, planeja formas de lidar com a situação. "Entendemos que tem muitas pessoas morrendo, que a saúde não está aguentando e tá tendo que fechar tudo. Mas é claro que vai afetar muita gente que depende disso. Eu vou explorar outras formas de fazer dinheiro.

Nas ruas, no trânsito, áreas que muita gente passa".

A GCM, por meio de sua assessoria de comunicaçã­o, afirmou que as equipes para a fiscalizaç­ão das praias estarão reforçadas. "Serão 80 agentes empregados na Operação Maré de Março, que contará com 20 viaturas, 07 motociclet­as e 2 quadricicl­os, para fiscalizar o trecho de quase 60 quilômetro­s, entre São Tomé de Paripe e Praia do Flamengo", diz a nota da entidade. A operação terá ainda apoio da Semop, PM e Salvamar.

Bahista estava em Jaguaribe com o filho e uma amiga

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ARISSO,M MARINHO
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NARA GENTIL

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