Correio da Bahia

No interior sem UTIs, doentes morrem na fila

Pacientes de cidades sem leitos para covid sofrem à espera de atendiment­o em municípios vizinhos

- Daniel Aloisio* REPORTAGEM daniel.santos@redebahia.com.br

Explosão de casos ativos de covid-19, unidades de saúde sobrecarre­gadas e aumento no número de mortes, inclusive de pessoas que não aguentaram esperar na fila da regulação. Essa é a realidade em cidades do interior baiano que não possuem uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em sua infraestru­tura hospitalar. O drama na saúde para esses municípios é agravado pelo medo das prefeitura­s locais de não conseguire­m vagas nos hospitais de referência do estado, que já operam com a ocupação de 80% ou mais nos leitos de UTI para pacientes do coronavíru­s.

Em Mata de São João, no litoral norte baiano, em apenas três dias – entre 17 e 20 de fevereiro -, foram registrada­s quatro mortes por covid-19. Uma das vítimas foi uma senhora de 73 anos que morreu no Hospital Municipal da cidade aguardando regulação para um leito de UTI. Em Macaúbas, no Centro-sul baiano, anteontem, a UPA da cidade estava completame­nte lotada, com dois pacientes lutando pela vida enquanto aguardavam regulação e necessitan­do de suporte de oxigênio suplementa­r. A cidade tem 135 casos ativos e quatro mortes registrada­s.

Em Araci, no Nordeste do estado, os casos ativos de covid-19 explodiram: são 495 atualmente, em uma população de cerca de 50 mil habitantes. São mais casos ativos do que os 395 de Vitória da Conquista, a terceira maior cidade baiana, onde vivem 350 mil pessoas. Araci tem ainda o registro de 27 mortes por covid-19. No início do mês, eram 21 óbitos. Das quatro mortes mais recentes, uma aconteceu na UPA da cidade. A vítima foi uma mulher de 66 anos, morta em 13 de fevereiro porqie não houve tempo hábil para ela ser regulada para um hospital.

Maracás, no Centro-sul baiano, tem 20 mil habitantes. Em fevereiro, o número de mortes no boletim epidemioló­gico saltou de 27 para 32, tornando-se o município da região com mais óbitos, segundo o prefeito da cidade, Soya Novaes (PDT). Maracás tem ainda 107 casos ativos de covid-19, atendiment­o diário de 150 pessoas no centro covid e o hospital municipal opera em capacidade máxima, mesmo sem ter UTI.

Já em Catu, a 70 quilômetro­s de Salvador, em 15 dias, os casos ativos aumentaram 592%. Eram apenas 12 no dia 7 de fevereiro, número que saltou para 83 no dia 22, segundo o boletim epidemioló­gico municipal. O número de mortes também cresceu no mesmo período, de 40 para 46. O mesmo ocorreu em Madre de Deus, na Região Metropolit­ana de Salvador. Lá os casos ativos cresceram 700% em 14 dias: saltaram de 17 para 136 entre os dias 8 e 22.

SITUAÇÃO DRAMÁTICA

O prefeito de Maracás Soya Novaes gravou um vídeo ao lado da secretária de Saúde Darlena Rosa, no Hospital Municipal Álvaro Bezerra, falando sobre a situação da cidade. “É preocupant­e. A pandemia está aumentando em nossa cidade e a dificuldad­e

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DIVULGAÇÃO Mata de São João não tem UTI e registrou quatro mortes recentes, uma de paciente esperando regulação

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