BAHIA PARCIALMENTE FECHADA
Medidas restritivas mais severas colocam o estado em lockdown parcial de hoje até a segunda-feira para conter o avanço da covid-19
Estabelecimentos comerciais fechados, proibição da venda de bebidas alcoólicas e garantia de funcionamento apenas do que é considerado serviço essencial. A partir das 17h de hoje até às 5h de segunda-feira (1º de março), a Bahia entra em um estágio de lockdown parcial para conter o avanço desenfreado da covid-19 e o colapso na saúde. A decisão, publicada no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira, 26, foi anunciada, ontem, pelo prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), o governador Rui Costa (PT) e o presidente da União dos Municípios da Bahia, Eures Ribeiro.
Pelo endurecimento das regras, ficam suspensas todas as atividades que não estejam relacionadas à saúde pública, alimentação e segurança em toda a Bahia. O fechamento parcial terá início gradual e escalonado a partir das 17h de hoje, com o fechamento do comércio de rua. Às 18h, será a vez de bares e restaurantes com atendimento presencial fecharem e, às 19h, os shoppings, galerias e demais centros comerciais também cerram portas.
A diferença de horário servirá para evitar aglomeração de trabalhadores no transporte público. Ainda segundo o decreto, os estabelecimentos deverão encerrar as atividades com até 30 minutos de antecedência, de modo a garantir o deslocamento dos trabalhadores.
A sugestão do ‘lockdown’ parcial foi dada pelo prefeito Bruno Reis. “Ontem (anteontem), liguei para o governador após conversa com todos os prefeitos da Região Metropolitana. Tive essa iniciativa para mostrar a gravidade do momento que estamos enfrentando. Aqui em Salvador, os números de ocupação das UPAs, nas últimas 24h, superam o dobro do pico da primeira onda. Foram regulados 66 pacientes e há mais 67 aguardando vacância para serem transferidos”, afirmou.
Na entrevista coletiva para detalhar a medida, foi explicado que o toque de recolher já instituído pelo governo do estado continuará valendo, com a proibição das pessoas circularem nas ruas após às 20h. “O toque de recolher continua funcionando. Um lockdown total se refere a 100% das atividades fechadas, inclusive mercados. Nós até discutimos a possibilidade disso e optamos por não fazer. Se fechássemos, mercados iam lotar hoje (ontem) e amanhã (hoje). Em vez de garantir distanciamento, ia ter aglomeração. Todo mundo ia achar alguma coisa para comprar que está faltando em casa”, disse o governador.
As medidas de restrição serão monitoradas por policiais militares e civis, guardas muni
de saúde ou que fique comprovada a urgência.
Durante todo o período, nenhuma atividade coletiva de esporte poderá ser realizada, bem como as atividades presenciais de natureza religiosa, política ou cultural, independentemente do número de participantes e do horário e que envolvam aglomeração, como cerimônias de casamento, missas, formaturas e aulas em academias de dança e ginástica.
Poderão funcionar normalmente os terminais rodoviários, metroviários, aquaviários e aeroviários; os serviços de limpeza pública e manutenção urbana; delivery de farmácia e atividades profissionais de transporte de privado de passageiros.
PRAIAS E TRANSPORTES
Em Salvador, o fechamento das praias continuará valendo e se une às novas medidas decretadas ontem. Já os transportes como ônibus metropolitanos e o metrô deverão encerrar suas operações das 20h30 às 5h. Já o transporte aquaviário metropolitano (ferry-boat e lanchinhas) funcionam até hoje, às 20h30, e só retomam a operação na segunda (1º), a partir das 5h, portanto, não funcionando nem no sábado (27) ou domingo (28). Os ônibus intermunicipais poderão circular normalmente.
Os serviços necessários ao funcionamento de indústrias, do setor eletroenergético e dos centros de distribuição, bem como o deslocamento dos seus trabalhadores, por sua vez, continuarão valendo. O novo decreto determina ainda a suspensão, por sete dias, dos procedimentos cirúrgicos eletivos não urgentes ou emergenciais, nas unidades de saúde públicas e privadas baianas.
REPERCUSSÃO
Representantes da classe empresarial solicitaram maior dedicação do governo do estado e das prefeituras na abertura de leitos para o coronavírus e na melhoria da infraestrutura dos hospitais para evitar que de parcial, o lockdown se torne completo. “Pedimos essas ações em contrapartida das novas medidas de isolamento do final de semana. Queremos evitar o colapso do sistema de saúde e entendemos que é necessário priorizar a vida, sem esquecer dos empregos”.
O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, acredita que o fechamento escalonado penaliza o comércio de rua, que é o primeiro a ter que encerrar as atividades. “Essa medida transfere a responsabilidade da pandemia para quem trabalha e gera emprego. Lockdown mata o fim de semana da atividade produtiva".
O Presidente da Federação Baiana de Turismo e Hospitalidade do Estado da Bahia (Fetur), Silvio Pessoa, segue a mesma linha: “As transmissões acontecem nas festas e no transporte público, não em ambientes com protocolos de segurança sendo cumpridos. Quem não faliu antes vai falir agora se ficar muito tempo parado", disse.
Já o coordenador regional para o estado da Bahia da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio, garante que estes estabelecimentos já seguem rigorosamente todas as medidas sanitárias impostas pelos governos. Do ponto de vista econômico, os centros de compra devem sofrer perdas, mas o consenso é que é preciso preservar vidas.