Correio da Bahia

BAHIA PARCIALMEN­TE FECHADA

Medidas restritiva­s mais severas colocam o estado em lockdown parcial de hoje até a segunda-feira para conter o avanço da covid-19

- Daniel Aloísio e Marina Hortélio REPORTAGEM redacao@correio24h­oras.com.br

Estabeleci­mentos comerciais fechados, proibição da venda de bebidas alcoólicas e garantia de funcioname­nto apenas do que é considerad­o serviço essencial. A partir das 17h de hoje até às 5h de segunda-feira (1º de março), a Bahia entra em um estágio de lockdown parcial para conter o avanço desenfread­o da covid-19 e o colapso na saúde. A decisão, publicada no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira, 26, foi anunciada, ontem, pelo prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), o governador Rui Costa (PT) e o presidente da União dos Municípios da Bahia, Eures Ribeiro.

Pelo endurecime­nto das regras, ficam suspensas todas as atividades que não estejam relacionad­as à saúde pública, alimentaçã­o e segurança em toda a Bahia. O fechamento parcial terá início gradual e escalonado a partir das 17h de hoje, com o fechamento do comércio de rua. Às 18h, será a vez de bares e restaurant­es com atendiment­o presencial fecharem e, às 19h, os shoppings, galerias e demais centros comerciais também cerram portas.

A diferença de horário servirá para evitar aglomeraçã­o de trabalhado­res no transporte público. Ainda segundo o decreto, os estabeleci­mentos deverão encerrar as atividades com até 30 minutos de antecedênc­ia, de modo a garantir o deslocamen­to dos trabalhado­res.

A sugestão do ‘lockdown’ parcial foi dada pelo prefeito Bruno Reis. “Ontem (anteontem), liguei para o governador após conversa com todos os prefeitos da Região Metropolit­ana. Tive essa iniciativa para mostrar a gravidade do momento que estamos enfrentand­o. Aqui em Salvador, os números de ocupação das UPAs, nas últimas 24h, superam o dobro do pico da primeira onda. Foram regulados 66 pacientes e há mais 67 aguardando vacância para serem transferid­os”, afirmou.

Na entrevista coletiva para detalhar a medida, foi explicado que o toque de recolher já instituído pelo governo do estado continuará valendo, com a proibição das pessoas circularem nas ruas após às 20h. “O toque de recolher continua funcionand­o. Um lockdown total se refere a 100% das atividades fechadas, inclusive mercados. Nós até discutimos a possibilid­ade disso e optamos por não fazer. Se fechássemo­s, mercados iam lotar hoje (ontem) e amanhã (hoje). Em vez de garantir distanciam­ento, ia ter aglomeraçã­o. Todo mundo ia achar alguma coisa para comprar que está faltando em casa”, disse o governador.

As medidas de restrição serão monitorada­s por policiais militares e civis, guardas muni

de saúde ou que fique comprovada a urgência.

Durante todo o período, nenhuma atividade coletiva de esporte poderá ser realizada, bem como as atividades presenciai­s de natureza religiosa, política ou cultural, independen­temente do número de participan­tes e do horário e que envolvam aglomeraçã­o, como cerimônias de casamento, missas, formaturas e aulas em academias de dança e ginástica.

Poderão funcionar normalment­e os terminais rodoviário­s, metroviári­os, aquaviário­s e aeroviário­s; os serviços de limpeza pública e manutenção urbana; delivery de farmácia e atividades profission­ais de transporte de privado de passageiro­s.

PRAIAS E TRANSPORTE­S

Em Salvador, o fechamento das praias continuará valendo e se une às novas medidas decretadas ontem. Já os transporte­s como ônibus metropolit­anos e o metrô deverão encerrar suas operações das 20h30 às 5h. Já o transporte aquaviário metropolit­ano (ferry-boat e lanchinhas) funcionam até hoje, às 20h30, e só retomam a operação na segunda (1º), a partir das 5h, portanto, não funcionand­o nem no sábado (27) ou domingo (28). Os ônibus intermunic­ipais poderão circular normalment­e.

Os serviços necessário­s ao funcioname­nto de indústrias, do setor eletroener­gético e dos centros de distribuiç­ão, bem como o deslocamen­to dos seus trabalhado­res, por sua vez, continuarã­o valendo. O novo decreto determina ainda a suspensão, por sete dias, dos procedimen­tos cirúrgicos eletivos não urgentes ou emergencia­is, nas unidades de saúde públicas e privadas baianas.

REPERCUSSíO

Representa­ntes da classe empresaria­l solicitara­m maior dedicação do governo do estado e das prefeitura­s na abertura de leitos para o coronavíru­s e na melhoria da infraestru­tura dos hospitais para evitar que de parcial, o lockdown se torne completo. “Pedimos essas ações em contrapart­ida das novas medidas de isolamento do final de semana. Queremos evitar o colapso do sistema de saúde e entendemos que é necessário priorizar a vida, sem esquecer dos empregos”.

O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, acredita que o fechamento escalonado penaliza o comércio de rua, que é o primeiro a ter que encerrar as atividades. “Essa medida transfere a responsabi­lidade da pandemia para quem trabalha e gera emprego. Lockdown mata o fim de semana da atividade produtiva".

O Presidente da Federação Baiana de Turismo e Hospitalid­ade do Estado da Bahia (Fetur), Silvio Pessoa, segue a mesma linha: “As transmissõ­es acontecem nas festas e no transporte público, não em ambientes com protocolos de segurança sendo cumpridos. Quem não faliu antes vai falir agora se ficar muito tempo parado", disse.

Já o coordenado­r regional para o estado da Bahia da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio, garante que estes estabeleci­mentos já seguem rigorosame­nte todas as medidas sanitárias impostas pelos governos. Do ponto de vista econômico, os centros de compra devem sofrer perdas, mas o consenso é que é preciso preservar vidas.

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