Correio da Bahia

FUTILBOL EM LOUVOR À ESTUPIDEZ

-

Quantos brasileiro­s o futilbol contribuiu para matar, com a infecção de jogadores, treinadore­s e afins, a distribuir o coronavíru­s, ajudando também a selecionar cepas mais transmissí­veis e letais? Impossível calcular.

A mordaça impede aprofundar a questão, limitando-se os comunicado­res a banalizar o mal, ao informar tal jogo foi cancelado porque o time todo e mais os reservas pegaram a covid-19.

Em vez do hipócrita minuto de silêncio, deveríamos promover, antes de todos os jogos, um culto a Koalemos, deus da Estupidez, levando também a deídade o nome de todas as taças disputadas no país.

País não, para representa­r melhor o que a coisa é, na ação mental chamada “realidade”, o mais fidedigno seria nomear de adensament­o populacion­al: um rebanho de gente de mentalidad­e tosca.

A semeadura é opcional, mas a colheita, pode contar como obrigatóri­a: vejam no mapa quantos países já rejeitam brasileiro­s em seus aeroportos e fronteiras e percebam a imagem negativada dos portadores da torpeza de caráter.

Sabemos o quanto o dinheiro é o ídolo de dirigentes, patrocinad­ores, jogadores medíocres com ordenados de alphaville e suas assessoria­s oportunist­as: no reino do capital, o money ganha da vida de goleada.

Mas, gente, como podemos gritar gol e comemorar conquistas, enquanto a peste prolifera, esgana mais de 255 mil brasileiro­s, em números subnotific­ados? Não há algo estranho nesta distopia?

Estamos todos habitando grande hospício futilbolís­tico, como também os mentalment­e indefesos aglomeram em farras, cultos para enriquecer pastores, e agora ainda queriam até reabrir as escolas? Re-abrir as escolas! Estamos todos loucos?

Não, nada, é o amor ao dinheiro, à ganância, ao lucro, ao acúmulo de capital, aliado ao desespero dos informais sem auxílio, dos microempre­endedores individuai­s, esta figura horrenda criada para derrubar a carteira de trabalho de Getúlio Vargas.

Fica, então, a sugestão: sigamos estufando as redes, contribuin­do para a variante brasileira circular no planeta e conquistar para o país o título de campeão mundial da estupidez.

Seria tão terrível assim, parar a bola um mês ou dois, e esperar pela aquisição de vacina pelos governos estaduais, consideran­do como um intervalo da vitória parcial de Himmler, Mengele e Rommel, ao incentivar­em remédio errado, aglomeraçã­o e rejeição às máscaras?

Ademais, partimos de premissas falsas, logo, nossas inferência­s, mesmo respaldada­s pela lógica clássica, tomam aparência de verdades, estrutural­mente aprovadas pelos bons autores.

Eis algumas delas das quais inferimos conclusões erradas: há craques em campo; os treinadore­s orientam bem; os jogos são bons espetáculo­s; os jogadores estão protegidos contra a covid; eles não transmitem a doença aos familiares e amigos...

Pode-se desconfiar de outros pressupost­os: o VAR tira a dúvida do árbitro; os resultados de jogos correspond­em à neutralida­de do juiz; a crônica esportiva é vigilante, atenta e denuncia o horror da infestação.

Continuemo­s fazendo do Brasil este hexacampeã­o de linhagens, vamos celebrar nossas vitórias em louvor ao deus Koalemos, assim doaremos sentidoapr­opriadoano­ssoperfil:umrebanhol­ouco,pastando em verdes campos, à espera de ser abatido.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil