Fabricante de vacinas alerta para falta de matéria-prima
COVID-19 O executivo da maior fabricante de vacinas do mundo e a cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) externaram preocupação com uma possível escassez global de matéria-prima para produzir imunizantes contra o coronavírus.
Em um painel do Banco Mundial, ontem, o diretor-presidente do instituto Serum, da Índia, Adar Poonawalla, falou que o mundo precisa “discutir melhor” este tema. O Serum fabrica vacinas AstraZeneca e Novavax. Só da primeira o instituto produziu 90 milhões neste ano, utilizadas por 51 países.
“A vacina da Novavax, da qual somos um grande fabricante, precisa desses itens dos Estados Unidos. Se estamos falando sobre aumentar capacidade no mundo todo, o compartilhamento dessas matérias-primas fundamentais vai se tornar um fator limitante crítico, ninguém conseguiu abordar isso até agora”, declarou.
Ele se referia ao fato de o governo dos Estados Unidos ter anunciado planos de aplicar a Lei de Produção de Defesa para garantir os suprimentos necessários na produção interna da vacina Pfizer. Por essa lei, os americanos cessariam a exportação de itens como bolsas e filtros, importantes para a fabricação das vacinas em outros lugares do mundo. Os EUA são o país mais afetado pela pandemia no mundo e Biden tem como meta vacinar 100 milhões de pessoas em 100 dias de governo.
“Isso é algo que precisaria de alguma discussão com o governo Biden”, disse Poonawalla.
“Estamos falando sobre ter acesso global gratuito a vacinas, mas, se não conseguirmos as matérias-primas dos EUA, será um sério fator limitante”.
Na mesma linha foi a fala de Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS. Ela acrescentou que faltam frascos, vidros, plásticos e tampas usadas por essas empresas. “É aqui que, mais uma vez, precisamos de um acordo global e coordenação para não proibir as exportações”.