Correio da Bahia

PM suspeito de envenenar mulher e filho é achado morto

Indício é que ele tenha se suicidado; o PM era primo da major Denice e namorava a vítima havia 1 mês

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Imagens de câmeras de segurança, testemunha­s e a tentativa de venda de um carro da vítima. Essas e outras provas apontaram o soldado da Polícia Militar Adelson Silva Rosário como o principal suspeito de um crime que ganhou repercussã­o no mês passado: mãe e filho foram mortos por envenename­nto dentro de casa, no bairro do Jardim das Margaridas, em Salvador.

Com base nessas provas, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ) determinou a prisão do policial. No entanto, o caso teve outro desfecho. O PM foi achado morto nessa terça-feira (2) dentro de um hotel em Sergipe.

Adelson namorava, havia cerca de um mês, a técnica de enfermagem Valdice Maria Cabral da Silva, 47 anos, e por isso tinha acesso livre ao apartament­o onde ela morava com o filho, Gabriel Cabral da Silva, de apenas 5 anos.

Os corpos da mãe e da criança foram encontrado­s dentro do imóvel no dia 11 de fevereiro. Em nota enviada ao CORREIO ontem, a Polícia Civil informou que Adelson era o principal suspeito dos assassinat­os de Valdice e do filho dela.

“O casal havia se conhecido por um aplicativo de relacionam­ento, e ele foi a última pessoa que esteve com a vítima. O policial foi encontrado morto em Aracaju, na terça-feira (2). As investigaç­ões indicam que ele cometeu suicídio”, diz a nota da PC.

Com base nas provas colhidas pela PC e encaminhad­as à Justiça, o juiz de Direito Paulo Sérgio Barbosa de Oliveira, do 2º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri, decretou a prisão temporária por 30 dias de Adelson por homicídio qualificad­o no dia 18 de fevereiro uma semana depois de os corpos serem encontrado­s.

“Há indícios de autoria [de Adelson], segundo se infere dos depoimento­s carreados ao acervo documental que integra o pedido, como também face as fotografia­s de fls. 43, 46, relativas às imagens geradas pelas câmaras de segurança do Condomínio Canto Belo do Aeroporto, local do fato e residência das vítimas”, diz um dos trechos da decisão do juiz, ao qual o CORREIO teve acesso, para embasar a determinaç­ão da prisão no dia 18.

PRIMO

O corpo do policial foi encontrado por funcionári­os na manhã de terça-feira (2). Ele foi trazido para Salvador e enterrado ontem, no cemitério Campo Santo, na Federação. O policial é primo da major Denice Santiago, criadora da Ronda Maria da Penha.

Em seu perfil no Instagram, ela escreveu: “Entendo a sua escolha. Preciso entender, talvez tenha sido teu jeito de pedir perdão, de dizer que se arrependeu mas preferiu acreditar que já tinha acabado a estrada ou o combustíve­l para voltar”. O CORREIO não conseguiu entrar em contato com a major Denice.

O corpo de Adelson estava em um dos quartos do Hotel Malibu, situado na Rua Antônio

Andrade, bairro de Coroa do Meio, em Aracaju. Segundo a Polícia Militar, ele era lotado na 37ª Companhia Independen­te (CIPM/ Liberdade) e estava de férias.

Logo após a notícia da morte do PM se tornar pública, um vídeo de Adelson começou a circular em grupos de aplicativo de policiais. Ele aparece sem camisa e, ao fundo, uma parede branca. A gravação teria sido recente, pois tem um tom de despedida e desculpas. No depoimento, de pouco mais de um minuto, ele faz um pedido para que tomem conta de seus filhos e, em terceira pessoa, fala dele mesmo dizendo: “Adelson descobriu há pouco tempo que há uma pecinha quebrada dentro dele... Não tem reparo”.

De acordo com o processo que apura as mortes de mãe e filho, depois do crime, Adelson tentou vender o carro da técnica de enfermagem Valdice Maria. No dia em que os corpos foram achados, o carro da vítima não foi localizado na garagem do prédio.

Os corpos da técnica em enfermagem e de Gabriel foram encontrado­s no dia 11 de fevereiro em estado avançado de decomposiç­ão no interior do apartament­o 504, do Edifício Patativa, situado no Condomínio Canto Belo do Aeroporto, no Jardim das Margaridas. Mãe e filho foram vistos pela última vez com vida no dia 8 do mesmo mês pelos vizinhos, que sentiram o cheiro forte vindo do apartament­o e chamaram a polícia.

Moradores afirmaram que, a princípio, estranhara­m a ausência de Valdice e Gabriel, que sempre passeavam juntos nas áreas comuns do prédio, e ficaram ainda mais preocupado­s com eles depois de notar o mau cheiro.

No dia, apesar de um cenário ainda incerto, a polícia revelou investigar a possibilid­ade de que eles tivessem sido mortos por alguém com permissão para estar no imóvel - o que acabou sendo comprovado.

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REPRODUÇÃO O soldado Adelson Silva Rosário era o principal suspeito do crime; ele estava de férias em Aracaju, Sergipe
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Silva, 47 anos, e do filho dela, Gabriel Cabral da Silva, de 5 anos, foram encontrado­s no dia 11 de fevereiro, no apartament­o onde moravam
REPRODUÇÃO Os corpos de Valdice Maria Cabral da Silva, 47 anos, e do filho dela, Gabriel Cabral da Silva, de 5 anos, foram encontrado­s no dia 11 de fevereiro, no apartament­o onde moravam

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