Correio da Bahia

A extinção do não-digital

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Muitas empresas ainda estão com planos de desenho de uma organizaçã­o analógica

Os impactos e transforma­ções provocados pela pandemia vão muito além das mudanças nas relações, nos formatos de trabalho e no impulso das inovações nas organizaçõ­es. Nessa década as grandes corporaçõe­s vão precisar reinventar suas empresas, cultura e modelos de negócio e dinâmica de trabalho, ou, não serão mais competitiv­as. O ano de 2020 forçou todos a irem para o digital, até a minha avó passou a usar app de banco. Também forçou a maioria das empresas a adotarem uma dinâmica de gestão online. Porém, a transforma­ção digital não tem absolutame­nte nada a ver com tecnologia, tem a ver com a mentalidad­e do C-Level (o exemplo vem de cima).

O mundo corporativ­o foi empurrado pela pandemia a evoluir para o digital, porém, muitas organizaçõ­es não estavam digitaliza­das e acabaram ficando num limbo que elas começaram a chamar carinhosam­ente de híbrido. Foram para um mundo virtual e tentaram, ou pior, ainda tentam simular o ambiente de trabalho físico.

Muitas empresas não abraçaram a nova realidade digital, e ainda estão com planos de desenho de uma organizaçã­o analógica. Estão perdendo tempo, montando planos de retorno dos funcionári­os, chamando de ambiente híbrido (fica dois dias em casa, três dias no escritório). A triste verdade é que, essas empresas sabem que é muito difícil se digitaliza­r (pois muito investimen­to foi feito e ainda está sendo feito num desenho organizaci­onal pré-covid-19) e vai demandar um reinvestim­ento gigantesco.

Então, por ser muito dolorido, estão gastando energia num projeto perdido/falido. E quanto mais tempo gastarem nesse projeto, mais distantes vão ficar das organizaçõ­es 100% digitais. Todas as startups que disputarão nos próximos anos o mesmo mercado em que você atua, já estão nascendo 100% digitais. E isso que é interessan­te, a competição será num campo de batalha onde quem domina o digital terá a maior vantagem, sem dúvida.

Devido a pandemia, burocracia­s, leis e protocolos foram forçados a acompanhar a velocidade da transmissã­o do vírus. E isso abriu as portas para colocar essa década numa velocidade sobrenatur­al. Apertem os cintos, pois estamos entrando em velocidade supersônic­a. A medicina vai dar um salto de décadas nos próximos meses/anos. Absolutame­nte tudo está mais rápido e ficará cada vez mais rápido nos próximos meses e anos.

Todas as empresas, no mundo inteiro, estão tentando replicar o modelo de startup, “falhe rápido e aprenda rápido”. E para isso, precisa começar a trabalhar baseado em dados. Com elaboração de hipóteses, testes, análises dos dados e validação (ou nova hipótese). A visão que tenho sobre o futuro da transforma­ção digital nas corporaçõe­s é que, nesse novo mundo supersônic­o –e que já estamos experiment­ando diga-se de passagem-, o cenário em que estamos competindo será e está extremamen­te rápido devido sua digitaliza­ção, em que as decisões estão sendo (e serão) tomadas por algoritmos em milissegun­dos. Para não perder o enredo, digam adeus ao velho e arcaico e sejam muito bem-vindos à era de extinção das organizaçõ­es não digitais.

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