Papa defende suspensão de patentes das vacinas
COVID O papa Francisco defendeu a suspensão temporária de patentes das vacinas contra covid-19 no último sábado. A medida, defendida por governos de países como Índia e África do Sul e pela Organização das Nações Unidos (Onu), ganhou nesta semana o apoio público do presidente americano Joe Biden.
No evento beneficente Vax Live, o líder da Igreja Católica afirmou que o mundo está infectado pelo “vírus do individualismo”. “Uma variante desse vírus é o nacionalismo fechado, que impede, por exemplo, a internacionalização das vacinas”, disse, em um vídeo pré-gravado exibido na transmissão ao vivo.
“Outra variante é quando colocamos as leis do mercado ou da propriedade intelectual acima das leis do amor e da saúde da humanidade. Outra variante é quando acreditamos e fomentamos uma economia doente que permite que algumas pessoas muito ricas possuam mais do que todo o resto da humanidade, e que modelos de produção e consumo destruam o planeta, nossa casa comum”, acrescentou.
O pontífice também se manifestou sobre a vacina nas redes sociais. “O coronavírus produziu morte e sofrimento, afetando a vida de todos, especialmente dos mais vulneráveis. Por favor, não se esqueçam dos mais vulneráveis”, postou junto das hashtags #VaxLive (referente ao show beneficente que apoiou) e #UmaVacinaParaosPobres.
O governo brasileiro também passou a apoiar as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre o assunto. A nova posição foi divulgada no fim da tarde da sexta-feira, em nota conjunta dos Ministérios das Relações Exteriores, da Saúde, da Economia e de Ciência, Tecnologia e Inovações.
A medida é defendida pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, há meses em meio a negociações na OMC. Em reunião na quarta-feira, 5, a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, disse que a suspensão é uma “questão tanto moral quanto econômica” e que está convencida de que um “caminho pragmático a seguir é possível”.
Na quinta-feira, 6, o secretário-geral da Onu, António Guterres saudou o que chamou de “apoio sem precedentes" do governo Biden. “Abre a oportunidade para os produtores de vacinas compartilharem o conhecimento e a tecnologia que permitirão a expansão efetiva das vacinas produzidas localmente e pode aumentar significativamente o fornecimento para as instalações da Covax”, disse. “Nenhum de nós estará seguro contra o vírus até que todos nós estejamos seguros”.
Além disso, os copresidentes do Assembleia Parlamentar Euro-Latinoamericana (EuroLat, órgão transnacional que reúne parlamentares europeus e latinos), Óscar Darío Pérez e Javi López, defenderam que os governos de ambas as regiões também apoiem a suspensão de patentes de vacinas remédios para a covid-19. “Para facilitar o acesso e a distribuição equitativa das vacinas e tratamentos”.
Entre parte dos países europeus, a ideia trouxe ceticismo, especialmente porque não traria uma solução em curto prazo.
Franceses protestaram ontem em defesa de uma lei que aumente o cuidado do país com o clima. FOTO DE SEBASTIEN SALOM-GOMIS/AFP
CASOS SINTOMÁTICOS Um estudo conduzido em Israel junto a profissionais da área de saúde e publicado no Journal of the American Medical Association (Jama) mostrou que a vacina contra a covid-19 produzida pela Pfizer reduziu as infecções sintomáticas pela doença em 97%, ao passo em que diminuiu as assintomáticas em 86%.
O estudo foi conduzido junto a 6.710 profissionais da área de saúde, dos quais 5.953 receberam ao menos uma dose da vacina, 5 517 receberam as duas doses e 757 não foram vacinados. Eles foram acompanhados por um período de 63 dias, entre de 20 de dezembro de 2020 e 25 de fevereiro de 2021.
Entre aqueles que foram totalmente imunizados, com duas does, a infecção sintomática por SARS-CoV-2 ocorreu em 8 profissionais, enquanto esteve presente em 38 que não foram vacinados (taxa de incidência de 4,7 e 149,8 por 100 mil pessoas, respectivamente). Isso representa uma razão de 0,03 (com 95% de confiança) ou 97% de eficácia.
Já a infecção assintomática por SARS-CoV-2 ocorreu em 19 profissionais de saúde totalmente vacinados e 17 profissionais de saúde não vacinados - taxa de incidência de 11,3 a 67,0 por 100 mil pessoas, respectivamente, numa razão de 0,14, o que resulta nos 86% de eficiência.