De olho no mercado de games
Centro de Convenções de Salvador e startup baiana BDS montam academia para fomentar competições, feiras e congressos no setor
Apesar da recessão da economia mundial, provocada pela pandemia do novo coronavírus, o mercado de jogos eletrônicos vive um período de efervescência e de franca expansão dos negócios. Para se ter uma ideia, somente no ano passado, o segmento movimentou, em todo o mundo, US$ 159,3 bilhões - três vezes mais que a indústria do cinema, segundo a empresa de análise Newzoo. No Brasil, 13º no ranking de faturamento, as receitas somaram US$ 1,5 bilhão. É de olho neste mercado bilionário, que cresce a uma taxa superior de 10% ao ano, que o Centro de Convenções de Salvador (CCS) e a startup Beyond Digital Sports (BDS) vão inaugurar, ainda neste semeste, uma academia gamer.
O local, além de servir de palco para esporte online, contará com centro de treinamento para gamers, salas e estúdios para criação de conteúdos e espaços para eventos e feiras. "É um mercado muito forte, que já existia, mas que com a pandemia deu um salto fantástico. Este projeto pretende inserir Salvador no circuito de grandes eventos de e-sport. É uma grande oportunidade para a CCS e a cidade", diz Ludovic Moullin, diretor do CCS, administrado pelo grupo francês GL events.
Segundo o executivo, a indústria de jogos eletrônicos já vinha sendo mapeada e estudada a fundo pela GL events, em todos os países onde opera. Ele lembra que o universo gamer conta, hoje, cada vez mais, com investimentos de gigantes da tecnologia e da indústria de produtos eletroeletrônicos, que também poderão ser atraídos pelo novo projeto. "Queremos fazer de Salvador uma referência neste mercado, movimentando essa cadeia como um verdadeiro ecossistema, inclusive capaz de receber e realizar as principais competições e atrair grandes marcas”, reforça Moullin.
ESTRUTURA
A montagem da academia gamer será concluída até o mês de junho. À frente do projeto está a BDS - uma startup fundada pelo empreendedor baiano Lukas Walter, 22 anos, em parceria com o seu pai Waldo Souza, empresário do segmento de inovação. Waldo informa que a academia contará com 16 PCs gamers, sendo 10 posições para jogos e outras 6 para geradores de conteúdo. Haverá ainda simuladores de carros e de voos, cabines de streaming, área de realidade virtual e aumentada, estação de robótica, dentre outros equipamentos e espaços.
"O objetivo desta parceria é transformar a academia gamer em um centro de produção de conhecimento e, ao mesmo tempo, posicionar a capital baiana como referência no circuito de grandes eventos", afirma Waldo. ele diz que a academia vai funcionar 24 horas por dia, apoiando jovens, principalmente os de baixa renda, a aprender, se qualificar, treinar e transformar quem sabe - a paixão pelos jogos em uma profissão.
"Muito mais do que um local para jogos e campeonatos, a academia vai oferecer mentorias presenciais e à distância, treinamentos, e um estúdio com tecnologia de ponta para criação de conteúdo e transmissão de lives", afirma Waldo. Ele aponta os laboratórios para capacitação de até 40 categorias profissionais da cadeia gamer como uma das iniciativas mais importantes do projeto. Dentre as profissões estão as de pro-players, comissões técnicas, psicólogos, nutricionistas, jornalistas, educadores físicos, cosplayers, narradores, comentaristas, videomakers, designers, desenvolvedores de jogos, dentre outros.
A BDS já tem uma unidade de negócios funcionando no HUB Salvador onde são desenvolvidos softwares para ambiente gamer. A ideia, segundo Waldo Souza, é ter, somente na capital baiana, pelo menos oito locais fixos para que o jovem não precise se deslocar de um ponto a outro da cidade em busca de qualificação.
Ele diz ainda que os jovens não pagam absolutamente nada para fazer uma capacitação, jogar ou participar de um campeonato ou torneio promovido pela BDS. "Somos, hoje, no Nordeste, a organização que paga os melhores prêmios para os campeões. Nosso retorno financeiro vem de patrocinadores, dos investimentos diretos das marcas endêmicas e não-endêmicas", observa Waldo.
As marcas chamadas endêmicas são as que estão em seu ambiente natural, quando se fala em jogos eletrônicos. Ou seja, são as fabricantes de todos os tipos de equipamentos e acessórios usados durante os jogos. Já as não-endêmicas são marcas que estão fora da cadeia de e-sports, mas interessam a quem gosta do universo, como as indústrias de vestuário de e artigos esportivos.
Queremos fazer de Salvador uma referência no mercado de e-sport no Nordeste Ludovic Moullin
O objetivo desta parceria é transformar a academia gamer em um centro de produção de conhecimento Waldo Souza