TESOURO POPULAR
Complementando a ação que celebrou em março o aniversário de Salvador, o projeto Salvador Vai de Cafezinho – Programa de Mobilização Social na Perspectiva da Salvaguarda dos Carrinhos de Café promoveu concurso e desfile dos carrinhos de café com premiações em dinheiro, voto público e juri de especialistas e exposição de fotografia dos carrinhos vencedores. O desfile aconteceu no espaço Cultural da Barroquinha (sem público presencial e sem aglomeração) e foi transmitido pelo You Tube da Fundação Gregório de Mattos, apresentado pela personagem Borra – vendedor ambulante de cafezinho e comediante, interpretado por Alan Miranda.
A ideia do projeto Salvador Vai de Cafezinho –Programa de Mobilização Social na Perspectiva da Salvaguarda dos Carrinhos de Café nasceu nas rodas de bate-papo do projeto Patrimônio É, sobre patrimônio cultural material e imaterial da cidade de Salvador, promovidas pela Diretoria do Patrimônio, da Fundação Gregório de Matos. Em 2020, Edvard Passos mediou a mesa Carrinho de Café: Patrimônio em Movimento, com a participação do fotógrafo Roberto Faria e do museólogo Eduardo Fróes.
Inspirado por esta experiência, Edvard Passos, que é diretor artístico do projeto, diretor teatral, mas também arquiteto, decidiu revitalizar a ideia dos concursos de carrinho de café de Salvador, incrementando o projeto com outras ações, em benefício dos “cafezinhos”.
O realizador do projeto acredita que a cultura popular é um tesouro incalculável, especialmente numa cidade como Salvador, que sintetizou muitas experiências humanas vindas de toda parte do mundo. Edvard Passos é um artista que se declara muito motivado pelas criações do povo, como demonstram os projetos que já realizou no teatro, dedicado à obra de Jorge Amado e a outras personagens baianas.
É uma oportunidade para estudiosos expandir investigações às diversas correntes chamadas ingênuas e suas possíveis relações com as chamadas normas cultas. No Brasil são poucos os ensaios que cuidam da arte primitiva, que na maioria das vezes fica a cargo dos antropólogos. Os produtos produzidos pela cultura popular ficam à margem das grandes cotações do mercado, mesmo tendo grande receptividade do público. A arte popular é a essência nativa do povo.
Lutando contra essa indiferença, o que não chega a ser uma surpresa, num país altamente colonizado como o nosso, a arte popular tem motivos suficientes para ser representativa da nossa identidade cultural.