Correio da Bahia

MP pede que TCU investigue orçamento paralelo

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CONTAS PÚBLICAS O subprocura­dor-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, pediu ontem que o tribunal apure indícios de que o governo Jair Bolsonaro criou um "orçamento paralelo" de R$ 3 bilhões para atender sua base aliada no Congresso. Revelado no último domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, o esquema pode configurar crime de responsabi­lidade, segundo Furtado.

Segundo Furtado, há indícios de que houve "inadequada execução orçamentár­ia, motivada supostamen­te por interesses políticos e em desvirtuam­ento do princípio da isonomia que orienta a distribuiç­ão de recursos". Furtado considera que Bolsonaro pode ter atentado contra a lei orçamentár­ia, o que é um crime de responsabi­lidade previsto no artigo 85 da Constituiç­ão.

A reportagem mostrou que deputados e senadores enviaram 101 ofícios ao Ministério do Desenvolvi­mento Regional e órgãos vinculados, indicando como preferiam usar os recursos. Com o arranjo, segundo o jornal, os parlamenta­res conseguira­m aplicar em suas bases muito mais do que os R$ 8 milhões anuais em emendas a que cada um tem direito. A maior parte da verba teria sido aplicada na compra de máquinas agrícolas, em valores até três vezes acima dos preços de referência do governo.

Líder da Oposição ao governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, o deputado Alessandro

Molon (PSB-RJ) acredita que todas as instâncias possíveis devem investigar o "orçamento paralelo" do governo federal: o Ministério Público Federal (MPF), o TCU e o próprio Congresso, se possível, por meio de uma CPI. A bancada do partido Novo na Câmara dos Deputados também fez, ontem, uma representa­ção junto ao TCU pedindo a apuração do caso.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), líder da minoria na Câmara, também entrou ontem com uma representa­ção no TCU pedindo a investigaç­ão do orçamento paralelo. No documento, Freixo pede a investigaç­ão de

ENERGIA ELÉTRICA Em conversa com apoiadores no final da tarde de ontem, no Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil vive “a maior crise hidrológic­a de sua história” e que o país “terá problemas pela frente”. O presidente não mencionou, porém, nenhuma ação ou estratégia para atacar o problema de energia elétrica.

“Nós estamos com um problema sério pela frente. Estamos vivendo a maior crise hidrológic­a da história. A gente vai ter dor de cabeça. Não chove… Quer dizer, é a maior crise que se tem notícia. Demos mais um azar. E a chuva geralmente é até março. Agora já está na fase que não tem chuva, mas tudo bem. Vamos tentar, ver como a gente pode se comportar”,

Bolsonaro, do ministro do Desenvolvi­mento Regional, Rogério Marinho, e do presidente da Companhia de Desenvolvi­mento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Moreira. Isso porque a pasta e a empresa estatal têm sido o atalho preferenci­al para direcionam­ento das verbas.

"É um absurdo que o Governo Federal siga patrocinan­do seus aliados, incluídos antigos e atuais presidente­s das casas parlamenta­res, para manejo de interesses particular­es com evidente desvio de finalidade e superfatur­amento", diz um da representa­ção.

declarou o presidente.

Segundo o ministro de Minas e Energia Bento, Albuquerqu­e, o Brasil está no menor nível de chuvas desde o início da série histórica em 1931. “Isso tem nos preocupado bastante desde outubro, e o Comitê de Monitorame­nto do Setor Elétrico existe pra isso. Desde o ano passado nós decidimos despachar

INVESTIGAÇ­ÃO O esquema montado pelo governo federal para conquistar apoio por meio de um orçamento secreto de R$ 3 bilhões não apenas será alvo de investigaç­ão no Ministério Público e no TCU como parlamenta­res já falam até mesmo na criação da “CPI do Tratoraço”. Ontem, o deputado

Ivan Valente (Psol-SP) iniciou a coleta de assinatura­s para pedir ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressis­tas-AL), a abertura de uma Comissão Parlamenta­r de Inquérito (CPI), com o objetivo de investigar o direcionam­ento de R$ 3 bilhões do orçamento pelo Ministério do Desenvolvi­mento Regional. Para entregar o requerimen­to de CPI a Lira, Valente precisa da assinatura de 171 deputados.

O líder da bancada do Novo na Câmara, deputado Vinícius Poit (SP), disse que seu partido também insistirá na apuração das irregulari­dades. "Enviaremos representa­ção ao TCU para investigar o tal orçamento secreto do governo", disse.

Esquema montado pelo governo federal, revelado pelo Estadão, destinou cerca de R$ 3 bilhões para grupo de parlamenta­res aliados

as nossas usinas termelétri­cas fora do padrão normal, justamente para preservar os nossos reservatór­ios e aquilo que nós ainda temos de agua neles”, afirmou o ministro.

Bento Albuquerqu­e disse que o país vai importar mais energia da Argentina e Uruguai, e que o impacto financeiro chegará ao consumidor.

Vamos avançar com a reforma tributária sem nos preocupar com a paternidad­e do projeto Arthur Lira

Presidente da Câmara dos Deputados

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PABLO VALADARES/CÂMARA DOS DEPUTADOS Alessandro Molon (PSB-RJ) vai ao MPF, ao TCU e quer CPI para investigar orçamento
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LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

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