Tropa federal apura ameaças à prefeita
Cachoeira Comitiva liderada por ministra dos Direitos Humanos presta apoio a Eliana Gonzaga
A notícia de que a primeira prefeita da história de Cachoeira recebeu ameaças de morte repercutiu em Brasília e uma comitiva federal chegou, ontem, à cidade do Recôncavo baiano para averiguar a história. A ex-feirante e agora prefeita Eliana Gonzaga (Republicanos) recebeu a força-tarefa encabeçada pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e por representantes do Congresso Nacional e da Procuradoria Geral da República (PGR).
A comitiva deu apoio à prefeita, destacou a importância da democracia e do estado de direito, e disse que vai acompanhar o caso. O evento foi realizado no 2º piso da Fundação Hansen Bahia. Uma mesa reuniu as autoridades e, no auditório, servidores e figuras públicas acompanharam os discursos.
O procurador da República, Ruy Nestor Bastos Mello, titular no procedimento que apura ataques racistas contra a prefeita Eliana, afirmou que todo tipo de ameaça precisa ser investigado e que, apesar de a apuração estar sob a jurisdição do Ministério Público do Estado e da Polícia Civil, o Ministério Público Federal pode participar da investigação, caso seja necessário.
“Também foram noticiados casos de ataques raciais, através das redes sociais, e, aí sim, a atribuição é nossa de investigar. E essa apuração criteriosa está sendo feita para que os responsáveis sejam identificados”, disse.
RECURSOS
A ministra Damares Alves prometeu recursos federais para o município e afirmou que vai acompanhar o caso das ameaças à prefeita de perto. "Se for necessário, o governo federal vem ajudar a proteger a prefeita. Ela terá o melhor mandato possível. A gente veio aqui para proteger uma guerreira", disse.
Eliana Gonzaga, que sentou
Se for preciso, o governo federal vem ajudar a proteger a prefeita. Ela terá o melhor mandato possível Damares Alves Ministra da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, ao chegar em Cachoeira
ao lado da ministra, agradeceu o apoio e se emocionou ao falar da situação que está vivendo: "Esse ato de hoje é a defesa do direito democrático. Cachoeira está sendo exemplo de crime político, mas afirmo que eles não vão me calar. O povo de Cachoeira é um povo guerreiro que participou da Independência [da Bahia, em 1823]. O primeiro grito de liberdade foi dado aqui, na praça, e agora estamos dando outro grito pela liberdade. Eu não vou renunciar", afirmou.
Participaram da mesa também representantes da coordenação da Bancada Feminina no Congresso, da Procuradoria da Mulher na Câmara, da Secretaria Nacional de Política para as Mulheres, e parlamentares. Após o encontro, houve uma reunião a portas fechadas entre a prefeita e a força-tarefa, mas os detalhes não foram divulgados.
RESPEITO AO VOTO
Para os moradores de Cachoeira, a discussão é importante porque trata do respeito ao voto, princípio básico da democracia. Mas eles também contaram que temem pela vida da prefeita. A presidente da Associação de Magistrados Brasileiros (AMB), Renata Gil, destacou a importância do encontro:
“Todas as autoridades do país responsáveis por uma democracia plena, pela preservação dos nossos valores constitucionais estão presentes. Todos empenharam seus esforços para participar dessa discussão. Somos o quinto país mais violento do mundo contra mulheres. Estaremos juntos na apuração desses crimes de ameaça e da intimidação”, afirmou.
A união entre os poders Executivo, Legislativo e Judiciário para a apuração do caso também foi destacada pela secretária de Políticas para as Mulheres da Bahia, Julieta Palmeira. “Vejo isso como demonstração de que nós não podemos permitir que se apequene a luta por mais mulheres na política”, disse.
A Fundação Hansen ficou aberta durante todo o encontro, que durou cerca duas horas. Funcionários controlaram o acesso para evitar aglomeração e policiais militares se posicionaram em frente ao prédio e permaneceram no local até o final do evento.
Cachoeira está sendo exemplo de crime político, mas afirmo que eles não vão me calar Eliana Gonzaga Prefeita de Cachoeira