Correio da Bahia

Com paixão e indignação

Teatro Coletânea destaca a trajetória criativa do diretor e autor baiano Marcio Meirelles

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São mais de 100 espetáculo­s em 45 anos de história. Uma produção inquieta, questionad­ora, incessante. Marcio Meirelles “nunca dá uma pausa, nunca deixa o teatro, ele se confunde com o teatro” afirma o professor da Escola de Teatro da UFBA, Paulo Henrique Alcântara, que organiza o livro Poéticas de Marcio Meirelles (Edufba | 246 páginas | R$ 35) junto com o professor e jornalista Marcos Uzel.

Lançamento que faz parte do 33° Festival de Livros e Autores da UFBA, a coletânea reúne artigos sobre a produção artística de um dos diretores mais importante­s do teatro baiano e brasileiro. Nome que criou o Bando de Teatro Olodum e foi responsáve­l pela retomada do Teatro Vila Velha nos anos 1990, Marcio é retratado como um “homem de teatro inquieto, criativame­nte compulsivo, apaixonado e indignado”, nas palavras de Uzel.

É também descrito como um “criador em constante ebulição”, reforça Paulo. “Marcio não cessa de criar. É um encenador que está interligad­o ao teatro o tempo todo. É desses artistas que se confundem com a própria arte. Não é alguém que faz algo para o teatro, ele é o próprio teatro tal a intensidad­e, a produtivid­ade, a constância, a alta voltagem com que se dedica ao teatro baiano”, enaltece.

Com prefácio de Luiz Marfuz, o livro traz 15 espetáculo­s dos mais de 100 que compõem a trajetória de Marcio. “Seria impossível abraçar o universo criativo desse diretor, autor, cenógrafo e figurinist­a num só livro”, explica Uzel. Marcos importante­s de sua carreira são destacados nos artigos escritos por pesquisado­res, professore­s, jornalista­s e artistas, como Cleise Mendes, Hebe Alves, George Mascarenha­s e Meran Vargens.

DIVERSIDAD­E

Entre eles, estão o trabalho com o teatro experiment­al do grupo baiano Avelãz Y Avestruz, com o teatro negro do Bando de Teatro Olodum e com a Companhia dos Comuns (RJ), ao lado de Hilton Cobra. A diversidad­e de dramaturgo­s que Marcio encena também está lá: dos clássicos, como Samuel Beckett (19061989) e William Shakespear­e (1564-1616), aos baianos de gerações mais novas, como Aldri Anunciação.

“Outro aspecto importante da poética de Marcio é que ele trabalha sempre com grandes elencos, grandes atores e atrizes”, destaca Paulo, ao citar nomes como Vera Holtz e Antonio Pitanga. A grandiosid­ade do encenador, em sua opinião, se resume em dois pontos: a plasticida­de de encenações de grande porte e o “olhar atento, sensível, preocupado com questões políticas e sociais relevantes do seu tempo”.

Nesse ponto, o artigo do ator e jornalista Edu Coutinho propõe uma reflexão interessan­te: a relação entre o trabalho de Marcio e o do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (18981956). “São dois artistas que, embora separados por grandes distâncias –geográfica e temporal –têm muitos pontos de conexão. Fazem um teatro político, que diverte, mas faz refletir”, explica Edu.

Com o olhar de quem foi dirigido por Marcio nos espetáculo­s Jango: Uma Tragedya (2014) e Do Outro Lado do Mar, que estreia dia 30, Edu realça a condução de Marcio por uma atuação mais limpa, menos psicológic­a e que ajuda o público a acompanhar o espetáculo mais atento às questões sociais que o texto traz. Essa conexão direta é um dos pontos fortes do diretor, reforça.

“Além de grande encenador, com talento especial para os aspectos visuais de suas obras, como figurinos, cenário, espaço, luz, Marcio é também um diretor de atores muito sensível. Ele sabe apontar caminhos para que o ator trabalhe fora do óbvio, do automático, para que conte bem uma história, estabeleça uma comunicaçã­o direta com o público”, elogia.

Assistente de direção de Marcio em Embarque Imediato (2019), peça de Aldri Anunciação com Antonio e Rocco Pitanga, Edu destaca ainda sua capacidade de criar uma encenação “que coloca o teatro nesse lugar de debate e de reflexão”, o que “Brecht fazia há muito tempo”, compara.

ARENA SOCIAL

Uzel acrescenta que “a paixão e a indignação são combustíve­is potentes para que o teatro de

Marcio se reinvente a cada espetáculo, preservand­o sua forte veia política e profundame­nte interessad­a no ser humano”. O racismo, a intolerânc­ia religiosa, a violência urbana e as mazelas sociais são temas presentes em suas peças, assim como o ser humano, o tempo, a finitude, o respeito aos mais velhos e o amor.

“Esse diálogo é fundamenta­l para que o teatro assuma o seu lugar de comunhão, de reflexão, de pensamento crítico, de intervir para aguçar sensibilid­ades, mobilizar, provocar, enfim. Marcio é um ser político. O teatro dele é a força motriz que revela esse ser político que ele é”, conclui Uzel. “Ele não fecha os olhos para seu tempo. Não é um teatro fechado em si mesmo, mas que amplifica os gritos, os clamores, a voz das ruas”, acrescenta Paulo. ESTE MÊS, O LIVRO ESTÁ COM 30% DE DESCONTO E CUSTA R$ 35. VENDAS: WHATSAPP DA EDUFBA (71-99732-6726) OU ATRAVÉS DO E-MAIL (VENDASEDUF­BA@HOTMAIL. COM), AMAZON E ESTANTE VIRTUAL.

Marcio é um ser político. O teatro dele é a força motriz que revela esse ser político que ele é Marcos Uzel Jornalista e professor

Marcio é um encenador que está interligad­o ao teatro o tempo todo. É desses artistas que se confundem com a própria arte Paulo Henrique Alcântara Professor da Escola de Teatro da UFBA

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DIVULGAÇÃO Com 45 anos de carreira, Marcio Meirelles dirigiu o Bando de Teatro Olodum, reativou o Teatro Vila Velha e já encenou 100 espetáculo­s
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GUILJERME ALCÂNTARA/DIVULGAÇÃO

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