Correio da Bahia

Eles batem porque a gente deixa, besta

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Voltando de mini-folga, tranquila da minha vida (não acompanhar as notícias fez bem) e das primeiras coisas que aparecem na minha frente é um homem feio feito a necessidad­e (que bicho horroroso, cruzamento de Silvio Santos com Gugu) se sentindo no direito e poder de bater na própria esposa ("se fosse bonito podia?", olhe, não comece não, viu?). E batendo de verdade. Isso, com várias testemunha­s inertes, nos vídeos que registrara­m as agressões. Inclusive a mãe da moça agredida. Aí, a pessoa aqui pensa: não vou poder falar da caquinha do presidento entupido (droga!), hoje vai ter que ser beabá de "não pode deixar homi crescer desse jeito". De volta ao começo, de volta ao começo... larará. Tá bom. Que jeito?

(Quantas idas e vindas a gente precisa fazer no mesmo assunto?)

(Várias.)

Eles batem porque a gente deixa, besta. "Ainn, quem é 'a gente', você está culpabiliz­ando a vítima". Tô não, criatura. Me poupe. A gente é todo mundo (sociedade machista e tal bote aqui todas as porcarias derivadas disso), mas é também a gente mulher que segura touro pelo rabo, cuida de sete crianças ao mesmo tempo, ganha o dinheiro do sustento, dá entrevista, faz live, cozinha o almoço e lava os pratos, mas não consegue pegar uma poha de uma cadeira e rumar no lombo de uma desgraça daquela assim que ele vacilar. Mainha quase morre de raiva

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