Correio da Bahia

O recado urgente de Spike Lee

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Depois de mais de um ano de festivais de cinema acontecend­o exclusivam­ente online, o Festival de Cannes, que termina neste sábado, fez o mundo cinematogr­áfico sonhar com a volta da normalidad­e. Além da expectativ­a pelo filme vencedor, a 74ª edição do evento já entra para a história como a primeira da retomada –vale lembrar que no ano passado o evento teve uma edição bem pequena, só para não passar batido.

Também fica marcado pela presença de Spike Lee, primeiro cineasta negro a presidir o júri do mais prestigiad­o festival de cinema do mundo. Na cerimônia de abertura, no dia 6, o diretor lembrou ao mundo seu estilo corajoso e marcante, que conquistou o mundo com filmes como Febre na Selva e Faça a Coisa Certa e abriu espaço para o debate do racismo no cinema americano: chamou Donald Trump, Bolsonaro e Vladimir Putin de gângsters. E conclamou o mundo “a levantar a voz contra eles”.

Aos 62 anos, Spike Lee tem uma relação antiga com o festival francês, mas disse que quase “não acreditou” quando recebeu o convite. “Estou feliz, surpreso e orgulhoso ao mesmo tempo”, afirmou. Convenhamo­s que passou da hora, quando se fala tanto em mais diversidad­e no cinema.

Lee já apresentou sete filmes na competição. O primeiro foi Ela Quer Tudo (1986), depois vieram Faça a Coisa Certa (89), Febre da Selva (91), Garota 6 (96), Dez Minutos Mais Velho (2002), Infiltrado na Klan (2018) e Destacamen­to Blood (2020). Com o penúltimo, baseado na história real de um policial negro que se infiltrou na Ku Klux Klan, ele ganhou a Palma de Ouro e também seu primeiro Oscar (de roteiro adaptado).

Nos seus dois últimos filmes, o cineasta reafirma sua importânci­a dentro do cinema com histórias que ampliam o debate sobre o racismo e a desigualda­de: a atuação da Ku Klux Klan e a presença negra na Guerra do Vietnã - respectiva­mente. Elas olham para o passado e mostram como estas questões estão vivas no presente.

Mas, claro, com a marca do diretor, o que inclui o humor e a ironia colocados de forma precisa em momentos de tensão, e a estética apurada, sobretudo em Infiltrado­s na Klan, que reproduz toda a ousadia visual dos anos 70. Destacamen­to Blood é a primeira parceria de Lee com a Netflix e conta com o ator Chadwick Boseman no elenco em uma de suas últimas atuações. E Infiltrado­s na Klan pode ser visto na plataforma desde junho. Vale a pena prestar atenção no recado do Mr.Lee.

Quando eles me ligaram, eu não conseguia acreditar, fiquei feliz, surpreso e orgulhoso ao mesmo tempo Spike Lee Sobre o convite para presidir o júri em Cannes

Durk - Mais Uma Rodada Dirigida por Thomas Vinterberg, a comédia dinamarque­sa ganhou o Oscar 2021 de filme internacio­nal e o Globo de Ouro e será exibida neste sábado.

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VALERY HACHE/AFP
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DIVULGAÇÃO
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DIVULGAÇÃO Druk - Mais Uma Rodada

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