Eduardo Leite visita a Bahia de olho em 2022
Eleições Governador do Rio Grande do Sul se reúne com lideranças do PSDB e com o presidente nacional do DEM, ACM Neto
Em campanha pela vaga de candidato à Presidência da República pelo PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, visitou, no fim de semana, apoiadores na Bahia e conversou longamente com o presidente nacional do DEM, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Na pauta dos encontros, ocorridos em Salvador, a disputa pelo Palácio do Planalto e uma possível aliança entre tucanos e democratas em 2022. "Vim me apresentar para os baianos, mostrar aquilo que fizemos no Rio Grande do Sul, como fizemos e o nosso jeito de fazer política”, afirmou.
A declaração de Leite foi dada sábado (17), em entrevista coletiva realizada na sede da Associação Bahiana de Supermercados (Abase), onde logo depois ocorreu um encontro com filiados do PSDB local. Um dia antes, ele se reuniu com o ACM Neto. Leite admitiu que o encontro teve como pauta as eleições de 2022.
O governador do Rio Grande do Sul quer ser o próximo presidente do Brasil. Para isso, no dia 21 de novembro, ele vai disputar as prévias do seu partido que vão definir o pré-candidato para a eleição presidencial de 2022. Para viabilizar sua candidatura, e ganhar musculatura na corrida pela indicação, ele tem conversado com lideranças políticas dentro e fora do seu partido, como é o caso de ACM Neto. “É o momento se conversar, se aproximar. A conversa com Neto foi boa, longa, mas nada se define nesse momento”, apontou.
Em uma rede social, ACM neto declarou: "É um prazer receber, aqui em Salvador, o governador do Rio Grande do Sul, um dos grandes nomes da nova geração de políticos do Brasil. Fico muito esperançoso no futuro por ver que a nossa geração tem bons exemplos de integridade, liderança e gestão pública. Com diálogo, podemos construir um caminho para o nosso país".
No plano nacional, historicamente, o PSDB tem uma relação de proximidade com o DEM. Essa aliança já venceu, inclusive, duas eleições presidenciais. A eleição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994 e sua reeleição em 1998 teve como vice o pernambucano Marco Maciel (1940-2021), escolhido pelo então PFL, que hoje é o DEM. Na eleição seguinte, uma ruptura. Em 2002, José Serra (PSDB) teve como vice a capixaba Rita Camata (PMDB).
Em 2006, nova aproximação: Geraldo Alckmin (PSDB) teve como vice José Jorge, do então PFL. Em 2010, com Serra de novo, o vice foi o carioca Índio da Costa, do já rebatizado DEM. Em 2014, com Aécio, a dobradinha acabou novamente. A chapa foi puro-sangue e o vice foi o tucano Aloysio Nunes. Em 2018, Alckmin disputou ao lado da ex-senadora Ana Amélia (PP).
Agora, às vésperas de 2022, um tucano gaúcho busca a aproximação com o principal nome do DEM hoje, que é ACM Neto. No entanto, um outro democrata, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) tem afirmado que que pode ser candidato a presidente. Ele também recebeu elogios de Eduardo Leite, que disse que estão “na mesma vibe”, mas reforçou que o PSDB deve ter o seu candidato nas próximas eleições.
“O PSDB sempre teve candidato a presidente desde a redemocratização. Quando a gente senta à mesa pedindo apoio, temos a humildade de reconhecer a necessidade de apoiar. É legitimo que cada um busque protagonizar o processo eleitoral. Tudo indica que o PSDB deva ser protagonista, mas se houver reconhecidamente outra candidatura que consiga, é plausível. Estamos falando de atender o propósito para o país. Eu tive boas conversas com outros partidos e me sinto em condições de promover esse entendimento numa eventual candidatura minha”, disse.
REELEIÇÃO
Com apenas 36 anos, Eduardo Leite já foi vereador e prefeito de Pelotas entre 2013 a 2016. Ele não foi candidato a reeleição por se dizer contra a esse processo. Em 2018, foi eleito governador do Rio Grande do Sul com 53,40% dos votos válidos. Na época, declarou voto no segundo turno ao presidente Jair Bolsonaro, o que o faz até hoje ser alvo de críticas, principalmente após ter se assumido homossexual no programa Conversa com Bial, no dia 1º de julho de 2021.
"Em 2018, meu candidato era Geraldo Alckmin. No segundo turno tínhamos o PT de um lado, com graves escândalos de corrupção comprovados e um modelo econômico adotado que quebrou o país. (...) Bolsonaro, apesar das suas lamentáveis manifestações, que acreditava que seriam barradas pelas nossas instituições, havia um modelo econômico proposto por Paulo Guedes que me parecia melhor do que a alternativa do PT. Por isso a escolha do voto em Bolsonaro. Não foi apoio. Apoiar é pedir votos, fazer campanha. Isso eu nunca fiz, o que quase me custou a eleição em 2018”, disse.
Ao contrário de Eduardo Leite, José Ivo Sartori (MDB), seu concorrente na disputa pelo governo do estado, declarou apoio a Jair Bolsonaro em 2018.
Eduardo Leite é considerado o principal rival de João Dória na disputa das prévias do PSDB. Ele tem o apoio de integrantes do partido que fazem oposição ao governador paulista. O próprio Dória tem atrito com ACM Neto ao cooptar seu vice-governador, Rodrigo
Garcia, que era do DEM, para o PSDB. “Hoje está descartada a possibilidade de apoio [do DEM] a uma eventual candidatura de João Doria à Presidência da República”, disse Neto em entrevista ao portal Uol, em março de 2021.
No entanto, ACM Neto também já conversou com Ciro Gomes, pré-candidato pelo PDT. Nas recentes pesquisas de intenções de voto, ele aparece mais bem colocado do que os candidatos tucanos, o que não assusta Eduardo Leite. “Ciro Gomes tem a intenção de voto que ele tem em todas as eleições, em torno dos 10%. O desafio é superar isso. A gente precisa ter humildade para reconhecer que outra candidatura terá capacidade de superar essa polarização”, defendeu. As prévias do PSDB para candidato do partido à Presidência da República em 2022 estão marcadas para o dia 21 de novembro e o partido já tem quatro nomes como pré-candidatos. Além de Leite, disputarão internamente a indicação do partido o governador de São Paulo, João Dória; o senador cearense Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.
Eduardo Leite disse não temer que sua rejeição entre eleitores aumente após ele ter se assumido gay. “Cada um faz o juízo que quiser. Eu vou lutar para que as pessoas entendam que isso não é um problema, minha luta na política é pela igualdade. Não é uma pauta LGBT, é uma pauta de respeito as pessoas”.
Tenho uma proximidade com ele [ACM Neto], que é uma referência com sua capacidade política aliada a técnica de gestão
A rejeição a Lula e Bolsonaro é grande. Para vencer a eleição e cumprir nosso propósito, o foco é o futuro
Eu falei sobre a minha orientação sexual para que eu me apresentasse por inteiro à população, pois falta integridade na política Eduardo Leite Governador do Rio Grande do Sul