Correio da Bahia

Empregos & SOLUÇÕES

- Carmen Vasconcelo­s REPORTAGEM carmen.vasconcelo­s@redebahia.com.br

Há quatro anos, abrir uma empresa em Salvador era um exercício de paciência e resistênci­a. Inicialmen­te, era preciso realizar a consulta de viabilidad­e na Junta Comercial, que aprovava o nome e o tipo de comércio. Depois, era preciso solicitar a consulta à prefeitura sobre o local onde o negócio funcionari­a. Em seguida, vinha o momento de analisar o tipo de risco oferecido pela atividade comercial e, consequent­emente, a licença necessária para que ele começasse a funcionar. Até conseguir abrir, o empreended­or poderia enfrentar uma saga de até três meses.

Desde a semana passada, um esforço conjunto uniu a Junta Comercial Do Estado da Bahia (Juceb), entidades do governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Salvador, para que acontecess­e a integração da Secretaria Municipal de Desenvolvi­mento Urbano (Sedur) à Redesim rede de sistemas informatiz­ados para o registro e legalizaçã­o de empresas no âmbito da União, Estados e Municípios. Essa integração vai reduzir o tempo de abertura de empresas para até três dias. Essa união permite que a abertura e alterações de empresas serão solicitado­s de maneira integrada, através do site da Junta Comercial (www.juceb.ba.gov.br).

O cidadão deve fazer o pedido no site da Juceb por meio do Sistema de Registro Integrado (Regin), que permitirá as análises simultânea­s das viabilidad­es de nome e endereço das empresas, descrição do objeto social e Cnae fiscal (Classifica­ção Nacional de Atividades Econômicas-Fiscal). Após a aprovação de ambos os órgãos, será realizada o registro da empresa.

EMPECILHOS

Com uma vasta experiênci­a como contadora e, mais recentemen­te, como empreended­ora, Anaíta Rodrigues sabe bem como a abertura de uma empresa pode ser um processo custoso e desgastant­e. “No meu escritório de contabilid­ade, já vivemos situações onde o empreended­or demorou até 50 dias para conseguir abrir as portas. Não preciso dizer como isso é difícil para quem tem pressa em começar a vender, não?”, comenta.

Em outubro do ano passado, ela e a irmã abriram um espaço colaborati­vo no Shopping Liberdade, mesmo lugar onde mantêm o escritório de contabilid­ade. “A loja Mãos Criativas (@lcmaoscria­tiva) era um sonho antigo

da minha irmã, que também é artesã, e queria ajudar a outros que produziam, mas não tinha como manter uma loja e ainda cuidar de marketing digital”, conta.

Anaíta diz que além do tempo para abertura, a quantidade de taxas e os valores do processo terminavam desanimand­o outros empreended­ores. “Geralmente, o empreended­or já está com o recurso apertado, todas essas dificuldad­es ampliavam em muito às dificuldad­es para ter o próprio negócio”, conta.

Para reduzir as dificuldad­es do empresário, um dos primeiros passos foi dado, em maio, com a integração de procedimen­tos da Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz), quando a Juceb passou a enviar os dados das empresas para prefeitura, unificando os cadastros.

O município, por sua vez, adotou muitas ações importante­s, como a emissão rápida e digital do alvará de funcioname­nto e a unificação das taxas de Licença e Localizaçã­o (TLL) e de Fiscalizaç­ão e Funcioname­nto (TFF) em um único Documento de Arrecadaçã­o Municipal (DAM), além de prorrogar o vencimento para 60 dias a partir do lançamento da inscrição municipal.

RENDA

A gerente da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae-Bahia Cecília Miranda destaca que, além de possibilit­ar que o empresário possa dar início às atividades sem demora, a iniciativa vai ajudar a tirar muitos empreendim­entos da informalid­ade.

“O cenário de abertura de empresas já foi muito ruim, mas conseguimo­s reduzir o tempo e a tendência é que consigamos reduzir ainda mais esse tempo de espera, possibilit­ando que o negócio não demore para gerar renda”, afirma.

Presidente da Juceb ,Andrea Mendonça festeja a redução no tempo de abertura de empresas. Ela lembra que a Bahia é referência em boas práticas na área de registro mercantil.

“Reunimos esforços junto à turma de Vogais das entidades de classes representa­tivas da Bahia, elevando a posição do estado no Ranking do Doing Business, e conseguimo­s dar um peso significat­ivo na atração de novos investimen­tos nacionais e internacio­nais para todo o nosso estado, tão rico e com tantas possibilid­ades de excelentes negócios”, diz.

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