Delivery de reciclagem
Bem-Estar Rio Vermelho é escolhido por startup baiana para testar modelo de coleta seletiva gratuita
A arte-educadora Águeda Tavares, 33 anos, costumava levar os resíduos inorgânicos que juntava em casa até um ponto de coleta de material reciclável que ficava num supermercado perto de onde mora, no Rio Vermelho. Mas, desde que aquele ponto encerrou seu funcionamento, Águeda viu-se diante de um problema e sentia um certo desconforto cada vez que jogava fora uma garrafa pet ou uma caixa de papelão.
Para seu alívio, ela descobriu um serviço de coleta seletiva que começou a funcionar em Salvador neste mês. E, para usar esse serviço, ela não precisa sequer sair de casa. É o Roda, um “delivery de reciclagem” que vai gratuitamente até a residência ou estabelecimento comercial fazer a retirada do material reciclável.
Águeda usou o serviço pela primeira vez e se animou: já avisou aos vizinhos do prédio onde mora e conversou com o síndico para organizar uma coleta seletiva conjunta. A arte-educadora descartou vidro, plástico, papel e papelão. Mas o Roda retira também metais, isopor, óleo de cozinha, eletrônicos e eletrodomésticos. Só não recolhe lixo orgânico.
O agendamento da retirada é feito inicialmente pelo Whatsapp 71 986117004 ou pelo Instagram: @alimentesolos e @casamar.art. Ali, estão os links para um site onde se faz o cadastro e escolhe um turno para um catador ir até o local, entre 10h e 16h. Caso você não esteja em casa, pode deixar o material com um porteiro.
PARCERIAS
O recolhimento é realizado por um catador, que é remunerado como horista pela Solos, empresa que criou o Roda. O serviço é associado à Cooperguary, uma cooperativa de catadores de Periperi que atende a 30 profissionais. Desses, dez estão diretamente envolvidos com a Roda. A Solos paga por hora de trabalho deles e a Cooperguary os remunera pelos resíduos que recolheram.
A Solos, que desenvolveu o Roda, é uma startup criada pelas baianas Saville Alves e Gabriela Tiemy. Segundo Saville, o Rio Vermelho foi escolhido para dar início às atividades da empresa porque o bairro consegue traduzir bem a complexidade de Salvador, misturando suas belezas, culturas e desigualdades.
Além disso, está ali a Casa MAR, um imóvel localizado no Largo de Santana, que serve como depósito para o material recolhido e é também ponto de coleta. Portanto, quem mora em outros bairros pode deixar os resíduos no espaço para depois serem encaminhados para reciclagem.
ARTE E MEIO AMBIENTE
A Casa MAR, que fica próximo a Dinha do Acarajé, funcionará em breve como um centro de cultura e arte. O espaço é resultado de uma associação entre a Solos, a MAP Brasil - empresa de comunicação que agencia artistas - e a Afroimpacto, escola de afroempreendedorismo.
Quando a pandemia passar, a Casa MAR vai pretende promover exposições de artistas pretos, shows e peças de teatro. O espaço terá também um café, administrado pelo chef Matheus Almeida e um jardim com uma biblioteca para incentivar os visitantes a dedicarem um tempo à leitura. A decoração é à base de material reciclado, como garrafa pet e outros tipos de plástico, que são usados até para fazer lustres.
“Sempre quisemos levar a linguagem da sustentabilidade com leveza, para que todos participem, mesmo que não sejam ativistas. E o Rio Vermelho é um bairro que se enquadra nessa ideia”, justifica Seville. Nos 15 primeiros dias do serviço, o Roda coletou uma tonelada de resíduos e encaminhou para reciclagem.
Fonte: anuariodareciclagem.eco.br