CIENTISTAS PODEM COLABORAR COM O BRASIL
Ao longo dos anos, existiram momentos de ondas de saída e de retornos de cientistas, de acordo com a socióloga Ana Maria Carneiro, que é pesquisadora do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ela desenvolve pesquisas sobre a diáspora científica brasileira e seus impactos nas estratégias de desenvolvimento no país.
“É difícil saber quanto tempo duram essas ondas. A inserção de cientistas no exterior depende do tipo de contrato que a pessoa consegue, do tipo de visto e da percepção dela em relação ao Brasil”, explica. Em muitos casos, as pessoas também levam em conta outros fatores além da vida profissional, como melhores condições de vida, a exemplo da segurança.
No entanto, ela acredita que, eventualmente, esses pesquisadores no exterior podem contribuir para atividades no país, através de colaborações. “Ao mesmo tempo que o governo tem atacado cientistas e a ciência apesar de feitos quase milagrosos na pandemia, outras partes do governo federal têm tentado se aproximar dessa diáspora, como o Ministério das Relações Exteriores. Eles veem como uma diplomacia da inovação e tenho acompanhado algumas atividades de embaixadas para tentar conhecer mais suas diásporas e engajar esses pesquisadores”, exemplifica.
Para ela, não necessariamente esses pesquisadores precisam retornar fisicamente para contribuir com o país. “Os grupos de cientistas são muito móveis, mas depende muito do ambiente doméstico de políticas e regras institucionais no país. Você pode ter programas específicos para essas pessoas como experiências em que os pesquisadores fiquem aqui em alguns meses por ano em projetos de longa duração. Teria que ter condições atrativas tanto para as instituições do país quanto para as de fora”, argumenta.
Através da assessoria, a Capes informou que atualmente concede 99,6 mil bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no Brasil e no exterior. Segundo a agência, ligada ao Ministério da Educação, não há cortes de bolsas. A Capes informou que lançou quatro editais do Programa de Combate a Epidemias e mantém os Programas de Desenvolvimento da Pós-Graduação. Por sua vez, o CNPq, agência ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, não respondeu até a publicação desta reportagem.