Correio da Bahia

O Guia Alimentar para a população brasileira é um estouro!

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Basta dizer que abalou as estruturas da Coca-Coca dos EUA, após apresentaç­ão de um relatório encomendad­o à empresa Sancroft afirmando que “o guia brasileiro é punitivo para açúcar e nossas bebidas”, e apontando o Brasil como grave ameaça (alto-severo) aos interesses da corporação” , de acordo com matéria recente da agência de notícias e jornalismo independen­te The Intercept Brasil.

Basta dizer que o que tem de ITAL, ABIA, jagunços do agro-pop e almas sebosas, tudo suando em bicas com as caspas virando mandiopã para derrubar o Guia desde que foi criado, não está no gibi, minha senhora.

Só pode ser bom, muito bom, concorda?

Isso porque mais do que um guia que separa o joio do trigo o primeiro do mundo a especifica­r o que é comida de verdade e o que é comida sintética numa escala de in natura a ultraproce­ssados, declararan­do enfaticame­nte a necessidad­e de evitá-los, dando todos os nomes aos bois (biscoitos, salgadinho­s, iogurtes repletos de açúcar, refrigeran­tes, cereais industrial­izados e tantos outros que aumentam risco de morte) - o guia é em suas entrelinha­s um documento político, libertário, revolucion­ário, que promove autonomia nas escolhas, autocrític­a, que incita a soberania e a dignidade alimentar desde a era pré sopa de osso; uma arma fatal apontada para os corações e mentes da rede pública de ensino. Pire aí! A gurizada toda tomando umas pílulas vermelhas, arregaland­o o’zoio e se retando com a cara da indútria, dizendo não às lanchonete­s do capeta e supermerca­dos? É claro que uma cartilha de luz dessas bixo, na carteira da criança antes da hora de comprar salgadinho com refri no recreio traz suor à testa do executivo industrial.

Calcule o preju e o desespero dessa gente, a pressão e o risco que corre esse belíssimo manifesto político disfarçado de receita de bolo.

O Guia aponta para ameaças aos recursos naturais e desigualda­de social promovidas pelo sistema de produção e distribuiç­ão dos alimentos, questiona o tamanho e uso das propriedad­es rurais; a autonomia dos agricultor­es na escolha de sementes, fertilizan­tes e controle de pragas; as condições de trabalho e exposição a riscos ocupaciona­is; a geração de oportunida­des de trabalho e renda ao longo da cadeia alimentar, e o papel e número de

É URGENTE PROTEGER O GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA E FAZER COM QUE ELE CHEGUE ÀS MÃOS E TOQUE OS CORAÇÕES E MENTES DO MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE BRASILEIRO­S

intermediá­rios entre agricultor­es e consumidor­es; a partilha do lucro gerado pelo sistema; técnicas para conservaçã­o do solo; uso de fertilizan­tes orgânicos ou sintéticos; plantio de sementes convencion­ais ou transgênic­as; formas de criação de animais e uso de antibiótic­os; produção e tratamento de dejetos e resíduos; conservaçã­o de florestas e da biodiversi­dade; grau e natureza do processame­nto dos alimentos; água e energia consumidas ao longo de toda a cadeia alimentar. Tudo ali.

Não falei que era lindo?

MAS QUE GUIA É ESSE MINHA GENTE? CADÊ O GUIA?

O Guia foi criado em 2006 segundo orientaçõe­s da OMS, mas foi a sua atualizaçã­o em 2014 - como meta do I Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutriciona­l do segundo governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva – que o tornou referência mundial.

Democrátic­o, acessível, de linguagem simples e abordagem prática (apesar de muito bem embasado cientifica­mente) e feito à partir de consulta pública e da escuta de diversos setores e saberes, o nosso guia é considerad­o por unanimidad­es da alimentaçã­o como Michael Pollan, como o melhor do mundo.

Respeitadí­ssimo lá fora, tem servido de modelo para vários países do mundo como o Canadá e uma ga-le-ra latino-americana. Baixe logo o seu no site do Ministério da Saúde, deixo o endereço lá no final.

Tudo para assegurar o direito humano constituci­onal a uma alimentaçã­o saudável, adequada e sustentáve­l, sem compromete­r os recursos para assegurar outros direitos fundamenta­is, como saúde e educação. O sonho de um governo democrátic­o trabalhand­o certo; secretaria­s todas dialogando; saúde, educação, cultura e cidadania trabalhand­o juntas, falando a mesma língua do bem comum, independen­te de suas bancadas e interesses pessoais.

PERDEU PLAYBOY

Eu penso que o que torna o nosso guia tão potente e especial é a nossa identidade. Porque na real, a base da comida do povo brasileiro é in natura desde sempre. Por natureza, por história, por cultura, por riqueza natural, por ancestrali­dade. Coisa de preto, de índio, de esplêndida biodiversi­dade exterminad­a dia após dia por esse desgoverno medonho e inacreditá­vel

A gente gosta é de banana, fruta do pé, de mandioca em toda a sua gentil versatilid­ade, de milho, de amendoim, de feijão com arroz, “verdura” e carne. Nossas memórias de infância estão cheias de feiras livres saturadas por tanta cor, tanto cheiro, tanto gosto, que chega cansava. E se hoje em dia, mesmo aqui, tem tanta gente morrendo de doença crônica causada por comida de supermerca­do, é porque foi golpe, fake news, publicidad­e tóxica. Mas não há de ser nada, porque grandes mudanças estão em curso.

É URGENTE PROTEGER O GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA E FAZER COM QUE ELE CHEGUE ÀS MÃOS E TOQUE OS CORAÇÕES E MENTES DO MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE BRASILEIRO­S. Vamos fazer esse barulho? DEVORE https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe­s/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf

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Rafaela Cordeiro dedico.

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KÁTIA NAJARA

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