Mateus Aleluia recebe título de Doutor Honoris Causa pela UFRB
SABER ANCESTRAL Com uma trajetória já consagrada na música nacional, o cantor e compositor Mateus Aleluia, de 74 anos, agora é Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Ele recebeu o título na tarde de ontem, em sessão solene no Campus Cruz das Almas.
Um dos criadores do histórico grupo Tincoãs, Mateus Aleluia também é pesquisador da ancestralidade baiana musical de origem africana. Ele é a quinta personalidade a receber a honraria da UFRB. A proposta de homenagem partiu do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologia Aplicada (CECULT) e destacou como mérito a trajetória pessoal e profissional pela sua contribuição aos estudos e divulgação da cultura pan-africana na Bahia, no Brasil e, também, em países africanos e no mundo.
Em seu discurso de agradecimento, o músico fez uma reflexão sobre a vida.
“Eu digo: ‘vou receber o título de doutor’. Transformaram-me, nasci novamente. A vida é feita de ressurreições, pensamos que apenas Cristo ressuscitou. Eu cresci acreditando que nós ressuscitamos todos os dias, quando dormimos, depois acordamos”, comentou.
Filho de Cachoeira, Mateus Aleluia nasceu às margens do Paraguaçu no ano de 1943. E foi um dos criadores do grupo Tincoãs, primeiro grupo vocal a expressar a herança cultural (musical e linguística) dos povos africanos. O Tincoãs foi destaque nacional entre os anos de 1960 e 1980.
O músico viveu duas décadas em Angola, a partir de 1983, onde foi contratado pela Secretaria de Cultura para realização de pesquisa antropológica e cultural. Retornando ao Brasil, lançou os álbuns Cinco Sentidos, Fogueira Doce e Olorum, que, junto com a obra dos Tincoãs, consubstanciam o legado pan-africano do Brasil.