Crise na China afeta até a tradicional 25 de Março, em SP
MAIS INFLAÇÃO A desaceleração da economia chinesa, provocada em parte pela política de covid zero - com lockdowns extremamente rigorosos -, terá impacto também na economia brasileira. A dificuldade de importar produtos da China, principalmente insumos para a indústria, se reflete nos preços e deve contribuir para manter a inflação em alta.
Segundo o presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, já há reflexos nos custos dos produtos vindos de fora. Em abril, os preços das importações, em dólares, subiram 34,4%, com recuo de 6,9% nas quantidades. Em março, os preços já tinham aumentado 29,5%, diz Castro. “O impacto desse lockdown na China é muito mais inflacionário", diz.
Os problemas de fornecimento são vistos no comércio. As tradicionais lojas da Rua 25 de Março, centro de comércio popular de São Paulo, começam a sentir a falta de alguns campeões de venda, como os carrinhos Hot Wheels, segundo Marcelo Mouawad, porta-voz da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências.
O empresário conta que os lojistas da 25 de Março estão se desdobrando para garantir as mercadorias chinesas. Segundo ele, o problema só não é ainda tão preocupante porque, neste momento, a demanda não está tão aquecida. Em suas contas, a demanda nas lojas da região ainda está 25% abaixo do período de pré-pandemia.
João Carlos Brega, presidente da Whirlpool América Latina (dona das marcas Brastemp e Consul), também diz que o problema dos lockdowns na China só não é maior porque a economia brasileira está desaquecida.